Costuras das mãos
Linhas desiguais e contornadas
com um tom marrom
que dançam nas palmas de minhas mãos
como resposta de oração me dizem
que o que preciso vive em mim
e é assim desde já
Num ápice de solidão
olhei ao redor e foi assim
nada me restou, nada nos resta
e se com as mãos agarramo-nos
a coisas e pessoas
E ali já não há nem coisas, nem pessoas
e como eu disse...
“nada me restou”
olhei para minhas mãos e o que eu tinha
eram as linhas e as costuras nas falanges dos dedos
E elas me contaram
"Paraste de se ater ao que
faz sentido.
Pois é difícil olhar para o que é verdadeiro
e para o que não está presente na
maior parte das coisas que vemos "
Então percebo que essas linhas
estiveram sempre presentes,
mas como agora nada carrego
e nada há sobre a minhas mãos
posso ver que o que tenho é coisa alguma
a não ser esses traços
que dançam nas palmas de minhas mãos
e como resposta de oração me dizem
que o que preciso vive em mim
e é assim desde já.