- Delírios de quarentena -

"O corpo esparramado sobre o pano curvado. Ouvia-se tão somente o sibilar da corda rangendo nos ganchos de metal. Fixei os olhos na grande bandeira vermelha que tremulava no bambu mais alto daquelas terras. Sonhei com um mundo que não precisava se preocupar com nenhum tipo de vírus. Não se vendiam máscaras e o álcool em gel era distribuído nas esquinas como panfletos em dia de mobilização. Faltavam-se pessoas nos hospitais e sobravam-se médicos. Respiradores eram instalados nas casas. Água e energia não eram mercadoria eram um bem público, distribuído, portanto, gratuitamente. As pessoas não tinham que escolher entre a vida ou a economia, pois nada naquela sociedade tinha valor de troca e sim valor de uso. O lucro foi substituído pela solidariedade. Acordei sentindo o sabor de um mundo bom. Ao longe a bandeira vermelha ainda continuava tremulando na estaca de bambu".

bily anov
Enviado por bily anov em 21/04/2020
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