Falo
Meus poemas não tem alvo definido
Atiro sempre rumo ao total desconhecido
Regozijo-me se algum coração for atingido.
Falo de mim, de você e de todos nós
Do dia, da noite, do réu e do algoz
Minhas palavras se unem para me dar voz.
Falo do céu, da lua, das estrelas e ondas do mar
Tudo que me sufoca e não consigo mais calar
Falo até o que nem sei se devo falar.
Falo de saudades, até as que não vivi
Dos livros que me fizeram e dos que não li
Das oportunidades que criei, tive e perdi.
Falo do Amor , de todo seu delírio e sua dor
Do arco-íris, seu pote de ouro e de cada cor
Da paixão, sua loucura, intensidade e ardor.
Falo das ondas, marés e castelo de areia
Do trabalho da aranha na solitária teia
Do canto irresistível da perigosa sereia.
Falo do passado, do presente e do que está por vir
Falo para quem quiser parar para me ouvir
Falo, porque sem falar, não consigo seguir.