ESCOLHA A LIBERDADE

Desde o nosso nascimento temos o futuro praticamente traçado, projetados pelas lentes dos nossos pais, e tendo como modelo os padrões impostos pela sociedade, que ao longo da vida precisaremos de todas as formas tentar nos moldar para nos encaixarmos.

Mal nascemos e já temos a nossa cor favorita (se for menina, usa rosa; se for menino, usa azul).

Já temos quem faça todas as escolhas por nós.

Já temos nossos padrinhos, nossa religião, nosso time (“esse é rubro-negro igual o pai”).

Já temos os brinquedos certos (Se for menina, brinca de boneca; se for menino, de carrinho)

Já temos a profissão do futuro;

“Meu filho será um grande médico”.

Já temos a quantidade ideal de filhos (Um casal).

Já temos uma vida construída, baseada nas expectativas de terceiros...

Teremos que nos formar em uma universidade pública, para nossa família poder dizer o quão inteligentes somos, teremos que comprar nosso carro, apartamento ou casa, teremos que namorar aos 20 e no máximo casar aos 30. Teremos que ter as melhores coisas, fazer grandes viagens e sermos bem sucedidos.

O primeiro desapontamento surge quando decidimos ser quem somos, seguindo assim por uma estrada totalmente diferente daquela que foi programada para nós. Inevitavelmente isso causará uma enorme frustração, especialmente para a família que jurou ter apostado todas a fichas em nós, esperando o tão sonhado retorno (que muitas vezes são resultados de sonhos inalcançados por eles).

Entendam que os nossos pais não fazem isso por mal, apenas pode ser difícil para eles lidarem com o fato de que as vezes não conseguiremos ou não queremos chegar onde eles gostariam.

Deste modo, precisamos compreender que a forma como fomos criados tem sim forte influência sobre quem somos, mas não tem o poder de determinar se seremos assim ou assado, isso porque a vida não é um martelinho batido indicando nossa sentença, a vida é dinâmica, é fluida, mutável...

Por vezes teremos que desagradar as pessoas que amamos, em busca de defender a nossa verdade, de seguir em direção à liberdade, que não se resume a completar 18 anos e poder tirar carteira, namorar ou chegar da festa depois de meia noite. Eu falo de muito mais, falo do direito de poder escolher aquilo que não podíamos quando éramos apenas um bebê.

— E se eu não quiser fazer medicina e decidir fazer filosofia? (um curso fascinante e pouco valorizado). Serei louco, mente pequena? Inconsequente?

— E se eu trocar o rosa pelo preto e ser rockeira? Serei rebelde, menos menina ou mulher?

E por falar em mulher, e se eu gostar de uma? E se eu for homem e gostar de outro homem? Serei o desgosto e a vergonha da família?

— E se eu não quiser casar, ter filhos e um cachorro? Serei a velha solitária e rabugenta?

E se...

E se eu não for o que esperam que eu seja para simplesmente ser quem eu sou?

Talvez eu seja julgada sei lá... podendo até ganhar o rótulo de ovelha negra da família. Ok, por mim tá ótimo (ovelhas negras não pensam como todo mundo, são únicas).

Acredite, o peso de não ser você é bem maior do que as críticas por ser feliz do jeitinho que escolheu ser.

Lembre-se que você não veio ao mundo para ser a extensão de alguém, satisfazendo assim suas vontades, você veio ao mundo para ser você, então não abra mão disso.

Lívia Maria De Sousa Lopes