Ele que se dane!

O sujeito que tem muitos amigos é uma pessoa de muito prestígio; já o que tem poucos ou nenhum, é um indivíduo sem importância social. Esse dito também vale para o nosso sistema eleitoral. Quando todos os eleitores vislumbram a possibilidade de ter um país melhor e mais justo e comparecem à urna e depositam o seu voto, o processo eleitoral ganha muito em credibilidade. Quando 30% de eleitores constatam a impossibilidade de verem atendidas as mudanças que exigem e boicotam o processo ou anulam o voto, o pleito perde proporcionalmente em confiabilidade. Quando um candidato recebe muitos votos num sufrágio com 100% de adesão, ele ganha muito poder. Quando o comparecimento às urnas é de metade da população, o eleito terá recebido muitos votos, mas a sua influência será muito pequena. O funcionário público com muito prestígio costuma ser arrogante e age como bem entende, sabe que tem o respaldo dos seus seguidores. Já o que tem menos poder costuma ser cauteloso, sabe que não tem apoio e não sai por aí afora afrontando o povo.

Em 2014 o Congresso aprovou aumento de salário para o legislativo e o judiciário de R$ 26,700 para R$ 33,700, o executivo saiu de 26,700 para R$ 30,900. O reajuste da ordem de 15,76% impactou no salário de toda a categoria de servidores, tanto do legislativo e executivo quanto do judiciário nas três esferas de poder: federal, estadual e municipal. Um verdadeiro desaforo ao povo que banca tudo isso.

Em 2018, o Supremo Tribunal Federal, num reajuste de 16,53%, elevou o salário dos seus ministros de R$ 33,700 para 39,300 ao mês, novo teto do funcionalismo público. Um atrevimento digno de bandido.

Obs.: Em 2019 as despesas totais com salários, assessores, cota para o exercício do mandato, apartamentos funcionais, auxílio-moradia e viagens internacionais de um deputado federal somaram por mês R$ 278 mil. A maior despesa é com o salário dos assessores de gabinete, de livre nomeação, que podem trabalhar em Brasília ou no estado de origem do parlamentar e que custou R$ 106,800 por mês. Você se lembra do Flavio Bolsonaro e a rachadinha?

R$ 278 mil - grave isso.

Atualmente cresce a articulação pela “equiparação salarial” ainda para 2020 entre deputados, senadores e o STF. Eles querem o aumento “como manda a Constituição”, segundo alegam. Em tempos de pandemia não há meios de fazermos tumulto dentro ou fora do Congresso para impedir a inclusão desse reajuste na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO). Resultado: esse aumento tem muita chance de ser aprovado.

Dados publicados nesta quarta-feira (6) pelo IBGE mostram um abismo imenso entre ricos e pobres no Brasil. Segundo o Instituto, no ano passado o 1% da população com rendimento maior recebia em média: R$ 28.659 mensais, enquanto que a metade da população com o menor rendimento ganhava R$ 850. Diferença de 33,7 vezes.

Um quarto da população brasileira, ou 52 milhões de pessoas, vive com menos de R$ 420 por mês. Ao todo, 13 milhões de pessoas no Brasil viviam em 2018 com até R$ 145 por mês. Esse contingente é maior do que toda a população da Bolívia.

O Instituto destaca que o país tem mais miseráveis do que a soma de todos os habitantes de países como Portugal, Bélgica, Cuba ou Grécia.

Faço questão de salientar que o cidadão com R$ 145,00, ao usar este dinheiro numa compra de supermercado, 40% desse valor ou seja: R$ 58,00, será repassado para o governo a titulo de imposto para ajudar a bancar a máquina pública - salário dos servidores.

Mediante estas informações, podemos afirmar sem medo de errar que a transferência de renda no Brasil é muito perversa e continuará empurrando para a indigência um número cada vez maior de brasileiros.

Como não há possibilidade de aparecer um personagem capaz de rebaixar os valores pagos aos funcionários públicos, em especial os que acima já foram mencionados, a minha única alternativa foi eleger o voto nulo à condição de redentor. Nem me incomodo se o presidente é o fulano ou o beltrano, não têm poder de mudar essa realidade, a mais urgente. Então, que venham novas eleições e ele que se dane!

Dilucas
Enviado por Dilucas em 07/05/2020
Reeditado em 21/02/2023
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