Morte

A consequência da vida é a morte. Não existiria luz sem escuridão e nem bem sem mau. Tudo faz parte do todo. Nesse plano, escolhi ser nada. Em algum momento da minha inquestionável existência quis simplesmente não existir. E ando vagando entre as inúmeras galáxias, me manifestando nas mais impressionantes formas de vida em busca do meu Eu. Vago através da eternidade até ter pleno entendimento de que em todas as minhas consciências individuais, sou o bem e o mau. A luta é contra mim mesma, contra o desejo de ser, pois não sou. Rejeito a morte, pois ela nada mais é do que a vida, a inexorável prova de que existo, mesmo sem existir. Minha maior luta é entender que não sou indivíduo, que não tenho personalidade, o meu ego construiu tudo isso e me fez ter apego a um corpo com data de validade, o que é absurdo para quem é eterno. Não tenho forma, mas quis assumir uma. Era um, me separei. Não concebi ser tão grande, sendo que Sou, preferi esquecer e ser pequena, passar uma breve parcela da minha existência num espaço onde há tempo. Aqui, construo minhas próprias misérias e sou refém do mau que eu mesma causo a mim. Passarei esse tempo na Terra do esquecimento, no caminho em busca da Verdade até aceitar a morte como consequência da vida e voltar para o Alfa e o Ômega. Permanecerei Lá até que em algum momento, num milésimo de segundo, Eu me questionar. Então, nesse breve instante, me separarei do Absoluto e me manifestarei em algum lugar do universo como indivíduo e passarei essa vida lutando contra o meu ego, pois só por uma pequena fração de segundo, dentro do infinito, onde nem sequer existe tempo, eu DUVIDEI de que Eu Sou Deus.

Milena Costa
Enviado por Milena Costa em 19/05/2020
Código do texto: T6952249
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