UMA REFLEXÃO SOBRE O "VÍRUS DO AR"

Perdido no falar, perdido nos pensamentos ilógico, perdido no meio de uma pandemia, perdido no meio de várias mortes de vítimas da Covid que o condena; assim o é nosso Presidente da República, o qual nos dirige enquanto nação como um navio em meio a uma grande tempestade sem leme, como cavalo à beira de um precipício sem freio, como no centro de uma doença mortal sem médico.

Toda enfermidade aponta para a nossa característica de sermos mortais. Contudo não deixa de ser horrível, que, havendo todo homem de padecer um dia, pereça logo de tal horrível vírus... que ao meu ver, se apresenta com duas características sobremaneira maligno:

1. primeiro por se utilizar de um elemento da vida, se faça dela instrumento de morte. O elemento água é essencial à vida, mas quão terrível é o mesmo elemento ser instrumento de morte, como se vê no dilúvio bíblico. A mesma água que para vida nos mantém, pode se tornar a mesma instrumento de morte diluviana. Da mesma forma, o é o ar que respiramos. Um dos elementos da vida é o ar. Diz em gêneses, que Deus soprou nas narinas do homem o “fôlego” de vida. No entanto, a Covid-19, transformou o ar que respiramos, pesteando o ar com a peste... não há situação tão ruim que não possa piorar... se não bastasse sofrermos com a corrupção política, agora também sofremos com o corrupção do ar pelo vírus. Assim como a corrupção nos entrega hospitais de campanas superfaturados, respiradores danificados, remédios milagrosos, auxílios emergências, todos estes para depois nos empunhar a espada no coração e retirar de nós o dinheiro público que entregamos ao Estado, assim também esta pandemia nos dá o ar corrompido e depois nos tira o mesmo ar dos pulmões.

2. Segundo, em relação às outras enfermidades, se têm os familiares e parentes o maior benefício que pode fazer a quem ama é estar com o enfermo em sua hora mais crítica; no entanto, em relação à este vírus, a maior consolação que pode dar quem ama de verdade é fugindo do enfermo, e nesse sentido, não se morre apenas quem partiu no corpo, como também morre na alma quem ficou. A ausência de não poder está próximo de quem se ama é morte. No livro de Cântico de Salomão, no capitulo oito, verso seis, a esposa diz que o “amor é tão forte quanto a morte”. E ela dizia isso em relação a ausência do esposo. Ora, se a ausência transforma o amor tão semelhante em morte, então não é de se admirar que o livro termina com ela dizendo, no último verso, “vem depressa, amado meu...”, o livro termina com a morte, que no caso é o sentir da ausência por quem ama. As últimas palavras da esposa “vem depressa, amado meu...” se lhe acabou a vida, também a história do livro.

Assim, grandes males padece quem está ausente de quem está contaminado. Se está com ele, é o mesmo que querer-lhe o mal, e o distanciar dele, é querer-lhe o bem. Grande mal! Se este vírus não tem letalidade 100%, só por isso (da ausência) já mata muito a alma, antes que mate o corpo.

Não bastasse tudo isso em nível pessoal, grandes males vemos nas cidades, comércio fechado, ruas desertas, sepulturas sempre abertas, caindo nessas sepulturas os mesmos vivos que cuidaram dos mortos; os coveiros que levam a enterrar os defuntos, também estão caindo contaminados na mesma sepultura. Os miseráveis homicidas e criminosos de toda espécie que melhor fosse que se matassem entre si dentro dos presídios, agora estão sendo soltos, livres para sair e matar outros em sociedade.

“E daí? Eu sou Messias, mas não faço milagres” – disse o falso messias.

Porém, o verdadeiro messias fez o milagre de ter morrido suspenso numa cruz para que pudesse nos purificar da pior impureza do ar, que é das “potestades do ar”, conforme nos disse o apostolo Paulo em sua carta aos Efésios. Poderia Cristo ter morrido em qualquer lugar, no palácio de Herodes, em um calabouço de Roma, ou mesmo ter morrido sobre o solo, vítima de algum ataque homicida de algum judeu fanático ou religioso fariseu; mas escolheu Cristo morrer levantado no ar, em um monte, numa cruz, suspenso, posto que com a vida em terra, andando, peregrinando de um lugar par outro, trazendo curas e boas novas, com os pés purificou a terra, e com os braços estendidos numa cruz, suspenso, purificou o ar que estava corrupto, infeccionado com o contágio de tão imundos espíritos das potestades do ar.

Que o verdadeiro Messias que já nos livrou de males piores, nos livre desse "vírus do ar" o mais breve.

Marcos Paulo,

Teresina, 20/05/2020