A FELICIDADE COMO UMA QUESTÃO FILOSÓFICA

A felicidade é uma questão filosófica existencial. Ela devolve ao ser humano sua finitude. É o faz acreditar que ser feliz é fazer fortuna na terra. O faz crer que felicidade é liberdade de fazer as coisas que não se está fazendo. É a tarefa de viver poeticamente como diz Kierkegaard.

Certa vez minha mãe disse: vai ver o mundo. Não dá pra ser feliz o tempo inteiro, mesmo sabendo que o ser humano passa a vida em busca de recreações pro espirito. Saiba que não há divertimentos eternos.

Se para ir em busca da felicidade o ser humano atravessa o inferno de si mesmo. Só ele sabe o que se passa em sua cabeça. Ele precisa se esquecer para ser feliz. Se a felicidade é bruma que se pega ao vento, é borboleta, bolha de sabão.

Felicidade é quando ele se recorda de si, e que ele pode ser outra coisa. É se reconciliar com a vida. Ir ao encontro de Deus. É saber que aquilo que foi a substância de toda a sua vida nasceu de um efêmero momento. Conserva jovem na lembrança, mesmo quando se envelheceu.

Ninguém é feliz e nem triste, pois no plano existencialista Kierkegaardiano, só Deus é. O SER humano está sempre sendo, ele nunca é obra acabada. Ninguém pode viver a morte antes de morrer realmente.

Ama aquele que sofre. O ser humano aprende pelo sofrimento. Quando ele passa a aceitar a si mesmo. No mundo do espírito, só é enganado quem se engana a si próprio.

O ser humano sofre por ter um eu, em sua felicidade por existir e estar aqui e agora vivo. Ele quer ser ele próprio. Ele quer viver os instantes da sua existência. O seu maior desespero é não ser ele mesmo.

Ele é um reflexo das coisas que sofre. E o faz regressar a si próprio. Todo o seu sentimento é imaginário. Nenhuma perda passa despercebida.

O ser humano carece de infinito. E não conhece suas fronteiras interiores. Sua infelicidade é não ter consciência, não ter se apercebido, não ter se visto no espelho. Sem se conhecer, ele vive como aquele rei esfomeado, porque todos os alimentos foram transformados em ouro.

O reconhecimento produz alívio. O pior mal é não ter sequer sofrido. Estão desesperados todos aqueles que não se sentem.

Antes de querer ser feliz precisa ser verdadeiro. E nada saber esconder. O seu maior pecado é sonhar em vez de ser.

O maior sofrimento é ignorar! Pensar em si mesmo seria nos encontrarmo-nos. É entender o que determina a sua natureza.

Felicidade é graça. É suportar a morte. Sacrificar sua vida. Sentir a necessidade de amar. É arrancar a máscara do caminho desnudo.

Felicidade é contradança. Excluir a contradição dos sentimentos é banir a natureza verdadeira das coisas.

Referências Bibliográficas

KIERKEGAARD, Soren Aabye. O Diário de um sedutor. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

KIERKEGAARD, Soren Aabye. Temor e Tremor. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

KIERKEGAARD, Soren Aabye. O Desespero Humano. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 24/05/2020
Reeditado em 26/05/2020
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