Carpe Diem indesejado

Fico pensando nos rostos nas minhas despedidas, enquanto eu vivia um drama interno, como se não houvesse outra chance, os outros pareciam dizer: "Não há motivos, temos muito tempo.''

Demorou para eu entender que a ausência de drama estava relacionada a uma certeza no futuro, diferentemente de mim, que não tinha certeza alguma.

Enquanto gritam lá fora: "Viva o agora" e ''Aproveite o momento", eu grito aqui dentro: "Que agora ? E que momento ?"

Talvez falem daquelas horas reunidas com os amigos na pracinha - que quase já não existem -, dos dois ou três copos tomados rapidamente, de alguns beijos antes das 20h, do retorno tenso pra casa e da ansiedade vivida dentro dela.

Essa necessidade de "viver o agora'', na adolescência me soava bela, agora me parece tão cheia de excessos, contudo acredito que nós preferimos nos exceder pois é a única forma de garantir que fomos o máximo de nós mesmos naquele instante que pode ser o último, mas pensando bem, isso é normal ?

Nos excedemos porque não sabemos o que será de nós amanhã, o que será dentro dos ônibus, nas ruas ou dentro de casa. Nos excedemos porque voltar para casa, hoje, é uma missão e sai dela um ato de coragem... Nos excedemos porque não sabemos quando o "Você me faz falta" não será mais dito olhando nos olhos e porque não sabemos quando a paz vai deixar de ser inédita no mundo.