A felicidade em pílulas




“O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem -se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem. E se, por acaso alguma coisa andar mal, tem o soma.”.

 
Esse trecho é do livro Admirável Mundo Novo. Por mais paradoxal que seja, percebe-se que, embora pareça ser um mundo perfeito, onde todos são felizes sem os problemas dos quais sempre reclamamos como: velhice, morte, ciúmes ou decepções amorosas, é desconfortante saber que, são essas coisas que nos torna humanos. A felicidade fácil, vendida em pílulas, é um engodo. Na verdade, queremos viver de maneira plena, isso inclui, ter arroubos de amor e paixão, de vez em quando.

Ainda estou com o Poeta: “Quem não viveu uma paixão, não tem nada não.”

* Soma era o medicamento que as pessoas tomavam para se sentirem felizes. Uma espécie de pílula da felicidade, o que fazia com as pessoas não percebessem o vazio de suas vidas, por não terem pelo que lutar, viver ou morrer.


Créditos: Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, 1932.


Imagem do Google