Sabedoria visceral

Conheci um lobo, de sabedoria milenar, me falou de experiencias vividas, outras podia notar nas cicatrizes de seu corpo. Ele não era velho, era experiente, e eu, em minha pacata existência imaginativa, sonhando com aventuras ouvia em êxtase a profundidade de suas palavras, de suas vivências, quando descrevia as habilidades adquiridas por constante esforço e dedicação, que muitos chamariam de dom, ou nato.

As lições que aquela noite, que teve chuva e silêncios, que falou de fardos pesados e de conquistas, inspirou a continuar caminhando com firmeza, me encher o corpo de vigor, vida, pois acreditar no potencial imensurável da existência é uma força que se renova com bons exemplos.

Admiro, como um discípulo a um mestre, sem ver como maior ou mais forte que eu, mas um ser que caminhou mais, que subiu mais degraus, que venceu obstáculos e concede o privilégio de dividir, multiplicar, celebrar, ao instigar a mente e a alma com suas palavras. E aquieto-me para ouvir, com vontade de ligar um fio de acesso a ilimitado a sua mente, imaginação, vontade de captar de algum modo a magnitude de sua experiência, que ressoa em uníssono com aspirações primitivas de meu ser.

E quando se vai me deixa pulsando em caos mental, como se estivesse prestes a parir algo maior que eu, um momento do torpor e êxtase, dualidades, a dose exata que nos faz sair da alienação negada e lembrar a centelha divina de nosso âmago.

E não restou sono, apenas pensamento maiores que a capacidade cognitiva de processamento, talvez da vigília já pule direto ao sonho, em um salto de desprendimento da matéria, em um voo astral não planejado e possa tocar as estrelas com as mãos.

Tão raro algo fazer a alma sair do eixo, tão raro apreciar de forma genuína a complexidade humana, a nuance do outro, e admirar com gratidão extrema por dedicar alguns instantes para mostrar um mundo inteiro, como um caleidoscópio, vislumbro, com a certeza que um novo olhar mostrará milhares de novas formas, e isso é incrível!

Talvez a poesia esteja neste momento, em que o mundo para, e em terceira pessoa, voando no meio do furação da existência, há alguma beleza, e derrubando alguns baldes de tinta o giro incontrolável faz formas e novos tons, e no fim algo ali faz todo sentido por não fazer nenhum, e há um silêncio etérico, em que tudo se dilui em sensações, aromas, e tudo para, como em uma pintura...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 15/06/2020
Reeditado em 15/06/2020
Código do texto: T6978456
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