O Segredo da Solidão

Qual o segredo da Solidão?

Aquela que fere, que acolhe, e no calor de sua sintonia nos envolve em um abraço sereno e inquietante?

Qual o sabor que sentimos ao abrir os olhos e nos encontrarmos nossos, alheios ao mundo e ao tempo, por sermos terrenos e alados, dispersos e entretidos? Um gosto amargo, outrora doce, sobre os sentidos mais profundos que negamos ao mundo, como um sonho lúcido esvoaçante, entre goles de agonia e sorrisos delirantes, como o beijo frio de corações amargurados e desejos reprimidos, como o medo da saudade que negamos a razão...

Qual é a forma do sentimento? Que constrói mundos e realidades, que revigora o tempo e nossa vontade, entre a misericórdia e a libertinagem? Minha doce e amada vida, qual é a virtude do amanhecer? Que contorna as relvas do meu pensamento, em caminhos longos e ensolarados, em jardins floridos e aromas leves, em canções de pássaros emancipados?

Os mistérios... os segredos, os desejos e a necessidade, transmutados em seres humanos e revelados em humanidade, ao longo do tempo, ao som dos momentos, tatuados na pele em nova estação, escritos na alma em meio a sorrisos, abrigados dentro de um coração...

Qual o segredos do encanto das estações?

Quando dou sem perceber a elas minhas emoções?

Caminho em meio a tudo o que ousei viver, ousei amar, ousei sentir, ousei até mesmo querer, em meio ao toque frio do anoitecer.

Como se pudesse me transportar quem me dera... E cair em meio ao doce beijo de uma primavera...