Ficou o silêncio entre nós

Nos relacionamentos, quanto menos palavras se acham, mais proximidade se perde. A distância não elimina o silêncio, somente o alimenta. E o silêncio aumenta a solidão. A solidão é um iceberg que cresce alimentado pelo silêncio, mas as palavras podem cortar o silêncio e derreter todo o gelo, convertendo-o muitas vezes em lágrimas. O pensamento que pune, o pensamento que se sente inseguro, o pensamento que espera demasiadamente o momento certo para se fazer palavras é força constritora, que aperta o peito, que sufoca e impede de respirar, como um campo de força que prende contra uma parede. Quando os olhos não se cruzam por medo de serem lidos, por medo de que o outro veja a sua nudez, por medo de dar o braço a torcer e se render ao imerecido.

Mas por que imerecido? Já não se sabe... Foi apenas uma situação que se transformou, uma neblina que cresceu e virou tempestade de silêncio, tristeza, solidão...

Mas quando alguém encontra força para lutar até contra si mesmo, quando seus próprios pensamentos são seus maiores opressores, é possível que o mal se dissipe e a luz volte a brilhar, não que isso seja assim tão fácil, mas que seja assim tão possível que requeira apenas coragem e atitude de lutar contra os seus medos e suas fraquezas, muitas vezes disfarçadas de coragem, razão e força ou ainda o melhor dos disfarces, o do amor próprio.