Raspas e restos (não)interessam

E quando se chega ao limite, o que separa os sentires verdadeiros de uma educada trapaça - a mais ardilosa delas (todavia, "mentiras sinceras" não interessam), afastamo-nos da cerca - a da paixão. Eletrificada, essa. Com uma voltagem que fere gravemente os sentires, as esperanças, o elo que unira dois corpos em quereres uníssonos... Talvez, uma desconexão decorrente da "baixa tensão" de autoconfiança; da dependência nítida de outrem; ou um deixar-se dominar - por um passado de ilusão do belo (aquele do qual se desdenha, sob sofismas); enfim, esse oposto de um hoje que sente - que realmente sente, com ou sem "hastes" de isolamento...

Com isso, a(o) cerca(o) perde a voltagem. É quando a energia acaba... mediante insegurança, reportada a complexos de vira-latas (um "maior abandonado"?); ou, fruto daquele medo covarde: uma campa, onde repousará um eterno e óbvio coexistir... e sempre em busca de "migalhas dormidas" de algum pão...

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Se buscas constantemente

- através das tuas ações -

qual carente abandonado,

tão sem carinho e proteção

a sujeitar-te com migalhas,

essas dormidas d'algum pão

estás tão frágil, certamente,

e, da vida, escolhas falhas

a te assombrar'em solidão

iludindo-te, constantemente:

("raspas e restos me interessam")

estás na vi(d)a, em contramão...

(Em tempos de distanciamento social, ouvindo Etta James, mas ousando me contrapôr a Frejat - pra variar um pouco...)

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 14/08/2020
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T7034942
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