Os sentidos do silêncio
“Dentre todas as manifestações humanas, o silêncio continua sendo a que, de maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ruído nem palavras, de nosso inconsciente próprio” (J.-D. Nasio).
“O analista não tem medo do silêncio [...]; ele não escuta somente o que está nas palavras, escuta também o que as palavras não dizem. Escuta com a ‘terceira orelha’”... (T. Reik).
“Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para que possamos menos falar e mais ouvir” (Ditado popular).
“Manter a boca fechada e os olhos bem abertos” (Ditado italiano).
“No silêncio cauteloso é que a prudência se refugia” (Baltazar Gracian).
“Fale pouco, mas nunca pareça mudo e embaraçado...” (Antiga etiqueta social).
“Aquilo que não se pode falar, deve-se calar” (Wittgenstein).
“Diante de tanta ignorância respondo com meu silêncio” (Rui Barbosa).
Mas...
“O dever do intelectual é romper o silêncio, ainda que sua voz seja abafada pelos poderosos e seus cúmplices de plantão” (Antônio Ozaí).
“O grande cúmplice da tirania é o silêncio; não atacar o despotismo é a maneira mais covarde de servi-lo; não denunciá-lo é auxiliá-lo; estar próximo dele sem feri-lo é a maneira mais vil de protegê-lo; e proteger o crime é mil vezes pior que cometê-lo; eis aí a hora em que a palavra é um dever e o silêncio é um crime” (Ezio Flavio Bazzo).
Conclusão: ainda que em muitas ocasiões o silêncio seja um bem, quando ele significa "lavar as mãos" e posição de cumplicidade, então ele se transforma em mal. Aí, o que não se pode silenciar, deve-se falar, em alto e bom som.