Nós: labirintos e minotauros

Somos labirintos, distintos e complexamente simples. Dentro de cada um de nós, labirintos por natureza, há um minotauro, nosso lado dual: humano e animal. A vida é nossa ilha de Creta.

Aprisionados no labirinto, temos três opções: fugir como fizeram Dédalo e Ícaro, pai e filho. O primeiro fugiu de seu orgulho, arrogância e prepotência que o fez matar quem ameaçou seu status. O minotauro nunca saiu dele.

Ícaro fugiu junto com o pai, mas caiu porque se encantou em excesso com o mundo à sua volta. A arrogância juvenil fez com que voasse alto demais e não desse ouvido aos conselhos do pai. As asas de cera e penas de gaivota não suportaram o calor do sol. Temos nossos limites e devemos respeitá-los. Este levou o minotauro consigo.

O segundo meio é matar o minotauro, como o fez Teseu, graças ao fio e à espada que lhe foram presenteados por Ariadne. Mas o nosso minotauro interior não morre. Assim, nos acompanha indefinidamente.

Resta-nos a terceira opção: enfrentar o minotauro, domá-lo e mostrar a ele quem é que conduz a nossa vida.

Esse nosso labirinto não deve ser destruído, tampouco o minotauro deve ser morto. O nosso fio de Ariadne deve ser o equilíbrio entre razão e emoção para que possamos entrar e sair do labirinto quando precisarmos sem nos perder.

Só há um problema: na vida real não existe uma Ariadne que nos dê, por amor, o fio da salvação. Devemos construí-lo pacientemente. Fácil? Óbvio que não! Mas a decisão em fazê-lo ou não compete a cada um, não deve ser delegada a ninguém.

Cícero - 30/09/2020

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 30/09/2020
Reeditado em 30/09/2020
Código do texto: T7076034
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