A frustação de ser prodígio: A depressão do One Puch Man, o super herói mais forte do mundo.

Saitama, mais conhecido como One Puch Man (Homem de um soco só) era um homem normal, não seguia um padrão de beleza cobrado pela sociedade, sendo tido como piada muitas vezes, trabalhava em um emprego diário que não lhe trazia nenhum senso de realização, vivendo apenas para pagar os boletos, até que um dia foi demitido, trazendo assim menos perspectiva de vida, tornando ele um sujeito depressivo.

Ele decidiu mudar sua condição e por três anos fez um tipo e treinamento que lhe fez se tornar o homem mais forte do mundo, com uma força inacreditável e um senso de humor bastante único, ele se torna o Super-Herói mais forte do mundo, e junto come essa força, veio a crise existencial.

Chega a ser estranho ver um super-herói tão poderosos ser depressivo e isso se dá justamente pelo seu grande poder, Saitama tem várias características como, inacreditável resistência física, ele luta e não derramava nem uma gota de suor, sem fadiga, sendo imune a dor e a energia térmica, então explosões ou coisa do tipo não lhe faz nada, tem uma principal característica dele que é o seu soco, ele derrota todos os seus oponentes com apenas 01 soco.

Vendo todo esse poder você pode achar que ele estaria super feliz e satisfeito com sua vida, mas na verdade este poder incomparável levou Saitama a uma vida vazia de depressão e tédio. Todo esse poder tornou a sua vida monótona, onde ele não sente mais prazer em nada, pois nada lhe afeta, quando entra em uma luta, ela rapidamente acaba sem esforço algum , om um simples soco, ao ponto dele sair procurando em todos os cantos algum oponente que pelo menos lhe machucasse, mas todos eles eram derrotados em poucos segundos.

Ele trabalhou e treinou bastante, conquistando o que queria, mas não pensou que após isso, “a falta de desafios tornaria a sua vida sem propósito”. Dessa maneira o Tédio permeia a sua vida, e mais do que um simples tédio circunstancial, é um “tédio existencial”, então ele começa se questionar constantemente, qual o motivo de ter buscado tanto poder, em que agora ele luta apenas para manter um status na sociedade de super herói, mas não sente realização nenhuma, lhe colocando em uma busca eterna por um adversário que pudesse lhe trazer o mínimo de emoção e sentido para tudo aquilo.

Assim, ao mesmo tempo em que ele por meio de seus esforços conquistou todos os seus objetivos, se tornando o super herói mais forte de todos os tempos, sendo um ser indestrutível, dotado de um poder sem igual, ao mesmo tempo esse poder lhe tornou um ser deprimido e sem perspectiva de vida, “Todas as histórias começam da mesma forma: alguém queria alguma coisa”. No caso de SAITAMA, isso não acontece, porque o motor da narrativa é exatamente esse: nada. Ele desistiu de querer qualquer coisa, e agora vive no automático.

O motivo que fez ele desistir é porque nada realmente o desafia, Saitama se tornou tão poderoso que esqueceu a natureza de sentimentos e emoções, sem experienciar o medo, expectativa, e consequentemente perdendo também a chance de sentir felicidade e conforto, não lhe restando nenhuma motivação, afinal de contas: pelo o que viver se não resta nada a ser conquistado?

Saitama faz uma demonstração muito real e presente em nossa realidade, a ideia dos “PRODÍGIOS FRUSTADOS”, que são demasiadamente definidas pela sua “utilidade”, aquilo que sabem fazer, para poder criar sua identidade sobre isso. Isso mostra muito da nossa realidade atual, onde as pessoas são definidas pela sua “utilidade social”, e quem regula essa aceitação e definição é o mercado de trabalho. Qual conversa informal com um estranho, facilmente a primeira pergunta maldita que ele faz é: Trabalha com o que? Você é o que? – O que importa não quem você é, mas sim para que você serve.

Com toda certeza você conhece alguém ou já ouviu falar de uma pessoa que era sofredora, assalariada, ou desempregada, passando por necessidades e em um dado momento fez algo e agora “tem tudo na vida”, fama, dinheiro, poder, e mesmo assim tendo tudo se tornou uma pessoa triste e depressiva. Você pode conhecer pessoas que passaram a vida toda lutando por “seus objetivos”, deram o máximo de si, passando uma vida em função de conquistar tais coisas e quando conquista e olha para traz, “sente um vazio”, percebe na pele que aqueles objetivos “não eram seu e sim os objetivos que a sociedade lhe cobrava”, Por isso vemos empresários, artistas famosos, pessoas concursadas, enfim, pessoas que “tem tudo” e são triste, pois elas após chegar no poder e ter passado por todos os desafios, perceberam que aquilo não fazia sentido para elas ou então não conseguem mais ter motivação por nada, afinal de contas como buscar algo e ter prazer em tê-lo se nada me falta, isso não gera o prazer da saciedade e tudo se torna neutro, e tudo perde sentido, dificultando dar sentido a vida para frente.

Saitama, não faz o que faz estritamente porque é bom, ele faz pois isso parece ser a única maneira de conseguir algum senso de satisfação e realização em sua vida e sem qualquer tipo de desafio ou conflito, ele cai no “tédio diário”, buscando incessantemente todos os dias algo que lhe faça se esforçar, buscando alguma falta para que assim ele busque maneira de suprir.

Na sociedade em que vivemos o tédio é algo inaceitável, as pessoas não podem se aceitar que estão entediadas, porque, a moral estabelecida pela sociedade de trabalho é que se você está entediado, é porque não está produzindo, consumindo e/ou fazendo o bastante. O tédio se torna assim uma opressão, onde as pessoas buscam desesperadamente evita-lo, sendo ele alimentado pela a alienação, e por isso nós temos uma sociedade carregada e pessoas ansiosas e deprimidas.

Isso mostra e comprova que uma certa dose de sofrimento é necessário para vida, afinal de contas só damos valor a beber água quando estamos com sede, o melhor tempero para comida é a fome, um jogo só tem graça se tiver fases difíceis e isso é um retrato da vida, mostrando o quanto devemos ser realmente gratos pelos problemas, dificuldades, pessoas ruins em nossa vida e até mesmo nossas perdas, pois são elas que nos lembram da importância de manter perto de nós as pessoas boas, nos fazem desejar aproveitar os momentos que estiver com elas, enquanto os problemas e dificuldades nos fazem buscar competências nos tornando pessoas melhores, e no final do dia temos a satisfação de comer o prato da maturidade e evolução pessoal, alguma falta que nos desconforta nos lembra que temos motivo para que lutar.

Então, hoje você pode sentir uma pessoa inútil, “sofrendo” com o peso do tédio em suas costas, ou então com toda certeza alguma coisa lhe falta, seja dinheiro, a presença de alguém, luto por alguma pessoa ou outra coisa, então lembre-se dessa história e ao invés de tentar acabar com a dor e desconforto gerado por alguma coisa que lhe falta, exercite a aceitação da “função do sofrimento” em sua vida, que é dar sentido a mesma. Isso irá fazer você valorizar as pessoas boas que “estão hoje” com você e sentir prazer quando estiver com elas, você irá valorizar suas pequenas conquistas diárias, aprenda a reconhecer “as suas reais necessidades” e não as que lhe foram impostas, assim você irá parar de viver um pouco no piloto automático, vivendo o presente de forma mais consciente e satisfatória “para você”.

Gleydson Henrique Pontes
Enviado por Gleydson Henrique Pontes em 05/10/2020
Código do texto: T7079842
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