Pensamentos aleatórios sobre a saudade

     Às vezes falo com Deus em pensamento e questiono-me se algum dia a alegria voltará a fazer morada em meu peito. Talvez eu já não chore mais como nos primeiros dias, quando o baque era intenso e sem firmeza para tocar em terra firme, tudo que eu desejava era sentir aquela dor sem anestesia alguma, mas basta ver uma foto sua para os olhos se encherem de lágrimas e eu desejar ter de volta todo o tempo que passou, embora nada me reste senão agradecer por esse pedaço de infinidade em que você esteve aqui, minha vida teria sido bem menos colorida sem sua passagem por ela.

     Através dessas cores pude enxergar aquela parte de mim que passou a fazer sentido num determinado momento, quando tomei a decisão de dar um basta às farsas e lutar pela minha liberdade com a coragem que me faltou outrora e a batalha prossegue porque ainda tenho um longo percurso que não me renderá condecorações, apenas uma couraça mais resistente, que no fim das contas é o mais importante.

     Ainda não me imagino amando outra pessoa, meu coração está totalmente preenchido pela sua presença, por mais distante dos meus olhos que você possa estar. Porque tentar sobreviver é o único caminho, erguer a cabeça e cumprir meus deveres, minhas promessas e não permitir que a dor me torne egoísta e impassível ao que ocorre ao meu lado.

     Escrevo apenas para me distrair enquanto o sol está forte, procuro por um canto onde possa me sentar, ouvir uma boa música e por alguns minutos me esquecer de que logo neste ano tão emblemático e cheio de expectativas (boas), você se foi, não só se foi como levou um pedaço do meu coração. Um pedaço grande. Remendo-o com a certeza de que essa caminhada possui um propósito maior e é questão de honra não fugir ao meu dever.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 05/10/2020
Reeditado em 11/01/2022
Código do texto: T7080175
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