O Carteiro e a Verdade

Por vezes, na pretensa alegação daquele que se diz portador da Verdade, reside oculto propósitos que a Verdade não comporta. A intenção está para além das aparências. Aquilo que aparenta ser, na verdade não é, e o que é de verdade não carece de aparências.

O carteiro da Verdade não precisa de metralhadora para colocar a correspondência na caixa dos correios. Se há cães bravos, no máximo tenha precaução. Não deve-se matar os cães para que a mensagem chegue ao destinatário. A Verdade não combina com chacinas.

Ela encontra-se latente no interior do carteiro, basta coragem para buscá-la. Ao encontrá-la, a razão do seu ofício justifica-se apenas com o serviço de entregá-la. Seja um servidor da Verdade e o desejo de ser dela portador desaparecerá por completo. À medida que o orgulho de ser carteiro desaparece, a correspondência pode ser entregue. Quando o ego se curva, o que está oculto aparece.

Como o vento que não se vangloria por refrescar os dias quentes e não se orgulha da força dos furacões, simples como a brisa na gota de orvalho, a Verdade reina no silêncio de um coração tranquilo e agradecido.