Desigualdade.

A desigualdade é uma temática cujo debate progride no mundo moderno à medida que as ciências sociais ganham espaço popular.

A maioria das diferentes culturas atuais possibilitam maior possibilidade de ascensão social que nos séculos passados, visto que, hodiernamente, mesmo que ínfima, há possibilidade de mudança para aqueles que em tempos anteriores não tinham ao menos perspectiva de melhoria. Apesar disso, é evidente que o mundo está distante de igualdade em todos os âmbitos. Orientação sexual, sexo, raça, crenças e outros fatores ainda são determinantes para estabelecer a classe social que um indivíduo pertencerá e, portanto, suas condições de vida. Evidentemente, todos têm ainda uma tímida porta de mudança em suas vidas. Porém, para alguns é uma porta. Para outros, apenas uma fenda em uma parede. Para os demais, um enorme portão e uma esteira rolante conduzindo-o para além da travessia.

A grande diferença das desigualdades do mundo moderno com relação aos tempos passados é que, nestes, a desigualdade era assumida e evidentemente “justificada”, enquanto hoje é mascarada. Finge-se que temos todos as mesmas oportunidades, enquanto muitos mecanismos sutis são utilizados afim de perpetuar esse processo de alienação, como a diminuição de investimentos em educação, discursos sobre o desejo divino quanto às desigualdades, a naturalização do descaso social em aceitação às atrocidades que cometemos conosco, abuso de uso em mídias dos casos excepcionais de pessoas menos favorecidas socialmente que conseguiram ascender, entre tantos outros.

Por além disso, o capitalismo deu nova margem para o acúmulo de bens em posse dos mais favorecidos. Mário Sérgio Cortella, em seu livro “Por que fazemos o que fazemos?”, no intuito de responder à pergunta presente no título da obra, afirmou que a dedicação Laboral intensa atualmente é justificada em si mesma pelo acúmulo de bens, em desfrutar, em ter reconhecimento pelo que possui. Cortella indica que os homens não são capazes de se dedicar intensamente em algo sem um propósito, e não é necessário estender muito a lista dos Bônus para compreender que acumular, no sistema econômico vigente na maior parte do mundo, é um objetivo repleto de benefícios e que pode trazer notável vitalidade para que o indivíduo continue a busca por ter mais posses.

Irrefutável se mantém Marx no seu discurso sobre a sociedade moderna de consumo. Dar espaço para o sentido de viver e adquirir não é necessário quando o próprio sistema econômico é o sentido.

Quanto aos demais? Que se fará aos que não conseguem acumular, visto que uma parcela pequena detém a maioria de tudo? Em metáfora de empreendedor, todos estamos em um mar de tubarões e sacrifícios são necessários para permanecer nadando. Em metáfora do filósofo Shopenhauer, a alegria do rebanho é quando o lobo come a do lado. Em números, são 735 milhões de pessoas vivendo com menos de US$1,9 por dia no mundo. Em palavras de Elite, é tudo questão de Meritocracia.

Meritocracia, por definição, é a ignorância de todo e qualquer fato histórico coerente (Definição revista de acordo com o dicionário da racionalidade, adquirido pelo Homo Sapiens Sapiens durante a evolução da espécie).

Em suma, combater as desigualdades preconiza ressignificar valores e condutas estruturais da nossa sociedade.

Cavalcante J
Enviado por Cavalcante J em 21/10/2020
Código do texto: T7092905
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.