Eu e minha sombra

Minha sombra me diz:

- És arrogante, frio, calculista e busca vingar-te dos que te feriram.

Eu apenas ouço de cabeça baixa. E ela continua:

- Guardas em teu peito muita dor, muita mágoa e desejas devolvê-las a quem as trouxe a ti. Choras em silêncio tentando esconder o que não pode.

Eu continuo ouvindo em silêncio e lágrimas escorrem. Ela continua:

- Não soubeste, não sabes e talvez não saibas amar, nem o que é o amor. Por isso te desesperas pensando nas perdas do que nunca possuíste. Tolo! Tanta ajuda que deste e agora és covarde por te achares superior e não reconheces que precisas de ajuda. Sou eu que te alimento o ego inflado e irei trazer-te junto a mim.

Nesse momento, ergo a face e a encaro olho no olho, dizendo:

- Cala-te! Aceito a tua existência e a tua convivência junto a mim, pois sei que somos indissociáveis. Mas não me vencerão as tuas emanações negativas. Aceito os meus defeitos, reconheço-me falho, imperfeito, mas não me deixarei dominar por tua escuridão. Fica, portanto, em teu canto. Sombras não vencem à Luz e eu sou Luz. Se não posso, nem devo, dissipar-te, porque és minha outra parte, decido não te alimentar. Tu me serás útil, porém não poderás usar a mim. Cala-te!

Cícero - 25-10-2020

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 25/10/2020
Reeditado em 25/10/2020
Código do texto: T7095666
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