Uma enxaqueca qualquer

Minhas mãos não estão trêmulas, apesar da dor e da náusea que sempre acompanha... Estão firmes suficiente pra bolar o velho fino. Mal bolado é melhor que não bolado. Os ponteiros, ainda correndo, me lembram do natal, dos que passaram e dos que estão por vir. Ascendo o mal bolado quase queimando as sobrancelhas. A cabeça dói, o ombro dói, os olhos doem, a saudade dói... A ansiedade talvez seja a que mais dói. É a hora, as curtidas, as contas, os dias! São números que trazem consigo gosto de bosta. Se é fome ou gastrite, não sei. Nunca aprendi a diferença. Mais uma de minhas falhas pessoais, pequenos crimes que cometo sadicamente comigo mesma, tal qual uma depressiva em reabilitação. Mas o natal existe para recomeços, mesmo que manche a parede com linhas coloridas. Meio back já foi e mesmo com a imaginação já cheia de asas, a dor não vai embora. Banana é a melhor fruta. Que graça teria escrever chapada se não pudesse falar das frutas? Volta a ansiedade, arrependida, disfarçada de produtividade, diz a alemã. Farei cartões de natal esse ano.

Gota de noite
Enviado por Gota de noite em 03/11/2020
Reeditado em 16/10/2022
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