sobre a Ansiedade - uma crise pessoal

A ansiedade ou a angústia é como se ela amarrasse uma corda ao redor da tua garganta e sufocasse a respiração. A sensação é como se preso a uma cadeira, com as luzes da fé apagadas, assentados e, em pânico, engolindo o ar sombrio da morte que se aproxima.

Esses tipos de circunstâncias e condição físicas do corpo me roubam o socorro do amor divino, como se o meu álbum fotográfico de Deus de suas divinas providência ao meu favor estivesse sido deletado da minha mente.

Então, nessas crises, me pego desamparado nas trevas da ausência divina, atados à uma cadeira invisível, debaixo de um céu em cinzas e ao som de uma respiração ofegante, enquanto tudo o que prezamos parece perdido para sempre.

Deus parece ausente.

Me dirijo à urgência de uma hospital... nada anormal com a parte orgânica, coração, sinais vitais, tudo ok. Porém, as sensações e os sintomas de paralisamento do corpo são reais. Fraqueza, tremedeira, pressão alta, calafrios, dormência pelo corpo, dores no peito, batimento acelerado, e a sensação de uma morte iminente.

Na terça-feira, tive uma das piores crises, o dia todo no hospital, uma manhã toda sob medicação, para que a pressão arterial baixasse. Remédios pra pressão, calmantes e remédios pra dormir. Enfim, a noite, às 23h fui liberado, com o provável, e com certeza, quadro de transtorno de ansiedade ou síndrome do pânico.

nessas horas, graças a Deus, estou rodeado de muitas nuvens de testemunhos, de homens que passaram pelos mesmos problemas que eu. E a fé, nessas horas, renasce das cinzas, como fênix.

Em uma manhã de novembro, 2 de novembro de 1856, C. H. Spurgeon, na capela da New Park Street, Charles Spurgeon pregou sobre a "Exaltação de Cristo" (Sermão nº 101) http://www.monergismo.com/.../exaltacao-Cristo-sermao101...

Então, proferiu uma palavra em defesa daqueles que sofrem de fraquezas psicológicas

“não é fácil dizer como uma outra pessoa deve sentir e como deve agir,” ele disse.

A ansiedade, a sensação de pânico, não é algo fácil de controlar, eles vêm de súbito.

Apenas duas semanas antes desse sermão de início de novembro, quando falou sobre o desamparo e as suas angústias, Spurgeon havia pregado para milhares de pessoas no Music Hall em Royal Surrey Gardens, lugar no qual sete pessoas perderam as suas vidas quando alguns maliciosamente provocaram o pânico, mediante alerta de um suposto incêndio, enquanto o Sr. Spurgeon pregava. Mas, enquanto pregava, um “brincalhão” gritou “Fogo!”. O pânico gerado deixou sete pessoas mortas e vinte e oito seriamente feridas.

Charles tinha apenas vinte e dois anos de idade e abraçava o décimo mês de seu recente casamento. Ele e sua esposa estavam dobrando fraldas bem no auge de seu primeiro mês como pais de filhos gêmeos em uma casa nova e cheia de coisas ainda encaixotadas. Agora, com tantas pessoas mortas, jornais por toda Londres culpavam-no cruelmente e sem misericórdia. A tragédia sem sentido e a acusação pública quase acabaram com a sanidade mental de Charles, não só nesses momentos iniciais, mas também com os duradouros efeitos que trouxeram.

Eu meio a toda essa tribulação mental, quão bom é encontrar um companheiro de jornada que passou pelos mesmos problemas.

Diz Spurgeon:

“Quase lamento ter me arriscado a ocupar esse púlpito nesta manhã, porque me sinto extremamente incapaz de pregar para benefício de vocês. Eu tinha pensado que a quietude e o repouso das duas últimas semanas tivessem afastado os efeitos daquela terrível catástrofe; mas ao voltar ao mesmo lugar e, mais especificamente, de pé aqui para lhes dirigir a palavra, sinto algo daquelas mesmas emoções dolorosas que por pouco não me abateram antes. Portanto, desculpem-me nesta manhã se fizer alusão nenhuma, ou quase nenhuma, àquele grave evento. Eu não poderia pregar a vocês sobre um assunto que estivesse minimamente associado a ele. Seria obrigado a ficar em silêncio se trouxesse à minha lembrança aquela cena terrível no meio da qual era minha solene sorte permanecer de pé. Deus prevalecerá sobre isso, sem dúvida. Pode não ter sido tanto pela malícia dos homens, como alguns afirmaram; talvez fosse mera perversidade – intenção de perturbar uma congregação; mas, certamente, não com o pensamento tão terrível de cometer um crime como o de assassinar aquelas infelizes criaturas. Deus perdoe os instigadores daquele terrível ato! Eles têm o meu perdão do mais profundo da minha alma. Isso não vai nos parar, porém; não estamos nem um pouco amedrontados pelo que houve. Eu ainda pregarei lá outra vez; sim, e Deus nos dará almas ali, e o império de Satã tremerá mais que nunca. “Se Deus é por nós quem será contra nós”? O texto que escolhi é o que me confortou e, em grande medida, me capacitou a vir até aqui hoje – tal o poder de conforto sobre o meu espírito deprimido da simples reflexão sobre ele. O texto é este: “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Fp 2: 9-11".

Chega um momento na vida da maior parte de nós, e na minha chegou, em que não temos mais a força para nos levantar ou para fingir que somos fortes. Às vezes minha mente quer colapsar diante da pressões da vida, das injustiças, dos problemas de ordem pessoal, de nossas próprias contradições internas, dos nossos dois “eu” - o carnal e o espiritual . Indagações tiram o ar de meus pulmões. Minha mente ofega. Fico entorpecido.

Charles Spurgeon pregou novamente. Encontrou forças. Era um servo de Deus, sem dúvida... mas sentiu sua mente cambalear, não apenas uma vez, mais várias vezes, diante de muitos outros problemas que vieram durante sua vida, principalmente de suas dores físicas por conta da gota e reumatismo.

Porém, de alguma forma, esse companheiro sofredor chamado Charles Spurgeon tirou proveito disso, insistindo para si e para a sua geração que os aflitos têm mesmo um Salvador.

Naquela manhã de novembro, enfraquecido, Charles fez o que eu havia esquecido de fazer em meio às aflições; ele leu a Bíblia.

Então, nesta amanhã, em meio a angústia, e eu li o Salmo 116.

“Amo ao SENHOR, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica. (...) As tristezas da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza (...) Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem (...) Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas, e os meus pés da queda”

Sei que o Senhor me livrou da morte, quando na amanhã de terça (15.09.2020), minha pressão subiu para 17/11... o risco de um avc era possível, causado por uma crise de ansiedade e pânico, que eu não conseguia controlar.

Como diz o Salmista, volta minha alma para o teu repouso... o que está acontecendo contigo?