Imperfeita

Tão perfeito seria se as portas da solidão fossem derrubadas, arrebentadas pela coragem de quem ousa enfrentar tempestades,

Seria insano dizer que sou a calmaria de uma manhã de sol, mas a ferocidade corre em minhas veias, nem sempre, quase nunca serei aquilo que deseja.

Houve um tempo que almejei, busquei com afinco a perfeição, pra caber em qualquer recinto e por fim a temida solidão.

Mas sou de caminho torto, não ando como todos, sou incógnita aos olhos de outros, um enigma talvez seria a grande trama das minhas inquietações.

Esperei muito tempo pra abrir as portas do meu coração, não imponho, não insisto, caminha comigo ou solte minha mão, sou a mais imperfeita criatura, mas o meu andar é moldado em decisões

Um ser de vontades insanas, uma voz que é um gemido, e num piscar de olhos torna-se um grito, pra habitar no meu mundo é preciso muita coragem, não engano quanto a mim com meias verdades, meu tempo é precioso, não perco-me em futilidades.

Mesmo que a vida seja um sopro, seja esse vento fugaz, tenho mania de eternizar, de buscar o que é infinito mesmo que eu sangre ao fim de cada ciclo, sou esse espírito voraz que não se detém em quem não compreende a intensidade que de mim precede, é como raiz que vem do âmago, vem do fundo de todo meu existir.

Que meu grito as vezes pode ser sombrio, de beleza ausente, mas que emana verdade, sem sutilezas, e um tanto inocente.

Divago, perco-me em meus abismos criados, e em outros momentos encontro-me em um universo desvairado...não busco mais abrigo, eu fiz-me abrigo, quando precisei e foi-me negado.

Sentir louco, mordaz, caótico...e sincero

puro, autêntico, devastador, de ímpar coragem, não temo ser como sou, esse é meu terreno, ígreme, solo sagrado...

Não aconselho invadir minha solidão, se não for capaz de acolher minhas imperfeições.

Sou fiel aos meus instintos,

meu coração segue suas próprias razões.