Da minha janela vejo

Da minha janela vejo árvores frondosas que pareciam sorrir para mim naquele entardecer. Era outono e embora as folhas estivessem caindo, o leve murmúrio do vento anunciava boas novas. Alguns pássaros ainda davam suas rasantes procurando por uma minhoca distraída. Era a vida que, apesar de tudo indicava que tudo continuava e prenunciando um anoitecer. Envolta em meus pensamentos, pude perceber a magia daquilo tudo e que alguma maneira eu fazia parte deste contexto, só não havia percebido antes. Na correria dos dias, nos noticiários atordoantes, nessa rotina insana diária, parei. Fiquei olhando através da janela e ali comecei a perceber o sentido da existência. Agora eu fazia parte daquele cenário, não como uma massa perdida no meio da multidão, mas como um ser único, capaz de perceber a própria existência, fazer parte dessa teia que é o meu refúgio.

E ali fiquei elevada e inebriada. Havia paz naquele momento. E era meu. Era único. Não sei quanto tempo fiquei ali. Não consegui cronometrar porque era livre, não tinha horário, não tinha cobrança. A noite caiu. Os pássaros se recolheram e as árvores se transformaram em ninho. De longe, ouvi meu marido chamando. Voltei a minha realidade, a rotina que me esperava, mas esperançosa. Afinal, um novo dia em breve iria nascer e certamente aquele cantinho da janela estará a minha espera para eu sonhar e penso: pobre de quem mora na cidade e não tem uma janela como a minha.

Professora Maria das Graças / Inglês

Escritores Escola Suely (Colonial)
Enviado por Escritores Escola Suely (Colonial) em 24/11/2020
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