A Teoria da Liberdade

Há um preço a se pagar pela vida. Nela, enquanto vivemos, pensamos questões essenciais que alguns crêem nascer e morrer em nossos túmulos. Todavia, ao contrário do que imaginam, a vida e suas duras consequências ultrapassam qualquer ser como ente único.

Questionamentos que cercam da existência de um ser divino e supremo capaz de controlar todas as coisas até o mero sentido da caminhada que fazemos até o fim do mundo material, nada passa despercebido aos olhos do todo- sim, do todo. Pode passar despercebido, talvez, aos olhos de alguns, porém, alguém tão humano quanto eu e você olhará, pensará e entregará sua vida por aquilo.

Então pensamos: Somos livres?

Eu responderei de forma sucinta e objetiva, como a cientista que imagino poder ser um dia: Há 3 tipos de liberdade em que uma não anula a outra, mas ambas se completam e são uma verdadeira "escada", como Auguste Comte diria ao falar da "evolução" de uma sociedade.

a) Liberdade para acreditar: Eu caracterizo essa como sendo a primeira de uma viagem- muito dolorida- até os confins da mente. Não convidaria ninguém a chegar até ela. Não investiguei o suficiente para saber quantas pessoas conseguem alcançar essa liberdade, mas é postular que ela existe. A liberdade para acreditar é o romper do estado amplo que nos abarca, a alienação moral, pessoal, familiar e educacional. Ela é tão simples, que para encontrá-la basta parar e: "Eu posso acreditar nessa afirmação ou eu posso não acreditar nessa afirmação". Se você fizer esse questionamento ao longo do texto... Você chegou até ela. Existe um defeito psíquico nesse exercício: dependendo do grau da sua alienação ou do seu conforto em não estar livre, você pode não querer praticá-lo. É aceitável que queira parar por aqui, inclusive, é o meu conselho!

b) Liberdade para ser: Posto que é preciso imaginar ser algo para ter noção de que o é ( não digo que precisa imaginar ser algo para o ser, apenas para ter noção de que é. Ser ou não ser, física e biologicamente afirmando, não dependem da sua noção sobre) aqui está o segundo passo, para romper a nojenta amarra que ainda persiste em prender-nos. Liberdade para ser é, sobretudo, não querer ser algo ou querer e lutar para ser aquilo. Eu sou uma mulher das ciências e não afirmarei que é plausível tal mudança, mas somos livres para tentar mudar. O exercício é mais complexo: requer a noção de onde está, onde se quer chegar e o quão provável é moldar o que se é, para que seja outra coisa. Quando não se é e não se deseja ser, basta imaginar se há possibilidade em não ser e fazer de tudo para que ela se concretize. Você se perguntará, como alguém que é livre para acreditar, onde está a liberdade se essa está atrelada a possibilidade. Há duas respostas: existe a liberdade de pensar no que é e o que não é, além disso, existe também a liberdade em saber que não sendo algo ou o sendo, pode-se tentar mudar. A liberdade em não ser imutável, em todos os quesitos da vida, é assustadora, mas é deliciosa se digerida no momento certo (eu não o encontrei, quando encontrar esse momento, volto e conto).

c) Liberdade para pensar: Até aqui, a corda bamba balançou, mas pendeu para a liberdade. Agora, entramos no campo da consciência propriamente dita. Pensar e questionar são etimologicamente semelhantes. Mas pensar é mais que acreditar, por exemplo, pois é saber o porquê de acreditar. Pensar é tão improvável, que mesmo dotados de consciência, somos enganados pelo ato falho de achar que sabemos pensar. Na verdade, não sabemos pensar como entes livres, porque não exercitamos aquilo que machuca o nosso âmago. Saber sobre os nossos defeitos, entrar em um mundo de ceticismo e descrença, ver para entender ou teorizar para entender? Todas essas bases do pensamento nos tiram de onde queremos estar. Estar assim, alienado, é uma sensação de ser livre de problemas. Quando, na verdade, nós só os engavetamos até que eles desmoronem sobre nossa existência e outros decidam o que há de ser por nós. A amargura de pensar é saber que sua cabeça pode mais que aquilo que você imagina, mas depois de ir, não sabe mais o caminho de volta e os problemas de ter aprendido a pensar aparecem e castigam aqueles que usufruíram da sua verdade. Se você, tiver a coragem de entender o que é ser livre, agora estará arranhando, batendo e destruindo a si mesmo, pois a "Matrix" da alienação faz de você um louco sem causa.