A redenção

Eu costumava ser capaz de escrever poesias, passava dias imaginando sentimentos que nunca existiam, mas que ficavam bonitos quando expostos no papel. Imaginava pessoas, lugares, momentos, palavras... e tudo parecia ser tão fácil de se realizar quando estava escrito. Em algum momento eu me perdi de mim, e o que era simples ficou complicado. Parecia que a experiência aos poucos ia tomando o lugar da imaginação: os gestos já não eram mais românticos, as palavras bonitas haviam dado lugar às realizáveis, e o mundo parecia vazio de metáforas e abstrações - parecia tudo real demais nas minhas fantasias.

Percebi, então, que estava me distanciando da minha mais pura essência. Estava deixando de viver meus sonhos para fazer parte da realidade do resto do mundo, e decidi ingressar nessa viagem de autoconhecimento. Me permiti imaginar de novo, sonhar, fechar os olhos... aprendi a me aprender, e redescobri, nesse processo, o quão alto eu conseguia voar quando me concentrava. Mais do que isso: aprendi a estar em paz comigo mesmo, e a sensação que isso me trouxe é incomparável.

Vejo hoje o mundo com meus olhos de criança, e enxergo além dos rostos e das aparências, vejo almas, essências, ideias, tudo o que os meus olhos adultos não sabiam mais ver. E agora, aonde vejo almas em guerra, me esforço para levar a paz, uma espécie de redenção para que cada um possa, finalmente, aprender a se aprender.