Apavoro

O que eu menos queria era que descobrisse o meu medo

O camuflei entre as pernas trêmulas e fala embargada

Escondi o suor gélido escorrendo no canto da testa

Passando as mãos no cabelo

Escondi tanto o meu medo

Tão escondido

Que ao levantar minha cabeça novamente para a vida

Dei de cara com a coragem

E não me restou seguir

Como já estava despida do que é próprio do medroso, fui

Caminhei nua, escutei, ergui, abriguei, sorri

Desembrulhando a bala

A minha inquietação retomou a respiração

Veio dores, falta de ar, insônia, insensatez

Com a coragem, levantei, fui adiante, caminhei longe bem longe

Consegui rever a felicidade

No instante seguinte, explorando, desbravando em círculos

Reencontrei o medo

Houve uma confusão entre ele e a coragem

Escapei sem esconder, sem me ferir e sem pulmões

Agora sigo com uma companhia estranha

Que estava sentada no banco a observar

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 19/12/2020
Código do texto: T7139606
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