Apavoro
O que eu menos queria era que descobrisse o meu medo
O camuflei entre as pernas trêmulas e fala embargada
Escondi o suor gélido escorrendo no canto da testa
Passando as mãos no cabelo
Escondi tanto o meu medo
Tão escondido
Que ao levantar minha cabeça novamente para a vida
Dei de cara com a coragem
E não me restou seguir
Como já estava despida do que é próprio do medroso, fui
Caminhei nua, escutei, ergui, abriguei, sorri
Desembrulhando a bala
A minha inquietação retomou a respiração
Veio dores, falta de ar, insônia, insensatez
Com a coragem, levantei, fui adiante, caminhei longe bem longe
Consegui rever a felicidade
No instante seguinte, explorando, desbravando em círculos
Reencontrei o medo
Houve uma confusão entre ele e a coragem
Escapei sem esconder, sem me ferir e sem pulmões
Agora sigo com uma companhia estranha
Que estava sentada no banco a observar