Encruzilhada IV

Peço desculpas ao grande homem que me crias, pois não partilho de seu sangue

Ao homem severo que vendar-me de incertezas lhe trago um estopim para a revolta

Ingênuo demais para se cuidar tu és, mas admiro tua coragem de querer partir

Trago-lhe a luz e o som, pois agora viveremos o meu gênesis

Cuidarei de meus irmãos, pois tu não foi um bom pai

Então reze meu pai, peça dessa vez para eu, que eu volte com a comida

Brágui que me perdoe, mas a cada dia que se passa eu penso em deixar minha caneta

Enterre-me com o solo de minha terra e me eternize com o falso orgulho

Tranco-me em meu quarto para provar quem sou, escutando dos prazeres de Bach

Jamais entenderei a reserva preparada pelo destino

Que deus tenha piedade das frases do homem tolo

”E a terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”

jamais desejei manchar a linhagem de um homem tolo, mas sois arte

se criticar de meu pensamento, deserdar-me de sua tribo

pois não tenho a menor vontade de perdoar o homem que me fez falho

que tirou de mim a vontade de desfrutar de meu trabalho

Não julgue a razão meu nobre filho, jamais desejarei teu mal

mas teus ideais podem condená-lo a eterna chama da impureza

faça sim o teu caminho, mas não me procure se não for de meu desejo

será grato quando afogar-se em miséria e abandonado pelo todo poderoso

Retornarei ao céu um dia e mostrarei o som da trombeta

trarei comigo os artistas que não se opuseram ao senhor

os pensadores que foram deslivres do mundo

e as damas condenadas ao submundo

Trago a vós do mundo o som da verdade e derrubarei o homem vestido de branco

ti não tens o direito de julgar as manchas de um homem comum

e mostro a vocês a beleza de um bardo louco

para que no fim ele seja ainda mais eternizado

A desventura de perder a mãe pelo título de Hades e um pai pelos prazeres de Dionísio

meus irmãos que não foram entregues a cronos

nem mesmo aos prazeres da maturidade

e entregue a mim o descuido de ganhar a vida na trilha de Apolo

O homem não é cruel por natureza, depende de seu caráter

não acredito que sou bom feito os ideais de Rousseau

afinal a sociedade não me corrompeu sendo esquecido por deus

mas será que fui corrompido pela sociedade?

Se profissionalizar com a arte não é o conto de fadas dos famosos

e sim a angústia dos perdedores sem visibilidade

pois afinal os pensadores iluministas eram conservadores demais

que deus afunde todos esses pecados cruzados no jornal

Soli, sinto-me sem tua presença

Deo, segurai a minha vontade para que no fim eu tenha

Gloria, em dizer que morri como os maiores

Em minha herança artística de família

tornando-me cego porém talentoso

e carregue meu sangue que será honroso

e que meu filho seja ainda mais talentoso

Em meu contentamento descontente

direi que a dor de andar só é apenas um verso

pois tenho um pouco de fé em dizer

que jamais falarei a linguagem que chegará aos pés do divino

perdi a concentração, a fé e a liberdade

tudo para expor meu último verso

e a heresia de dizer que deus é apenas uma criação humana

para no fim compreender as mentes desprovidas de bons momentos

Aqueles sete dias que geraram o início de um novo pensar

um homem tolo disposto a criar a vida e perder o teu controle

pois quem sabe um dia aquela semente cresça e floresça

para que tu digas por fim que o filho superou os mandamentos de teu pai

Liberte-se dos ideais humanos e torne-se a divindade deste épico

Drogue-se da luxúria alheia para no fim arrepender-se perante ao pai

ou abuse dos pecados capitais sem medo do amanhã

pois a existência é a prova mais pura de que seu ventre foi o adultério

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 21/12/2020
Código do texto: T7140970
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