Jesus e a mulher adúltera

No evangelho segundo João (8), a passagem em que Jesus é provocado pelos fariseus e forçado a expor a sua visão sobre o crime de adultério, eis que ele surpreende a todos. A punição violenta e institucionalizada que autorizava o apedrejamento de uma mulher adúltera, é sem dúvida um problema. Neutralizar um ato de violência não é algo simples e quando instituído por lei, revertê-lo é um grande desafio. A provocação certamente não era infundada, Jesus estava sendo colocado à prova!

A prática do valor da Não-Violência é um meio seguro para enfrentar tendências que buscam soluções violentas. O Amor é o único meio capaz de nos conduzir à paz. Somente uma pessoa pacífica é capaz de agir de forma não-violenta.

Quando Jesus questiona os fariseus invocando uma noção superior de justiça, além da simples aplicação de uma lei injusta, ele está manifestando o seu Amor por estes homens. Ao enfrentar com coragem um ato de violência iminente e evitar a sua consumação, Jesus está ajudando a todos indistintamente. A mulher não foi a única a se livrar do sofrimento de uma morte cruel por apedrejamento. O mal inerente à ação afetaria uma infinidade de pessoas, muito além daquelas diretamente envolvidas. O sentimento que envolve a iniciativa do executor está sob medida afeito ao mal que busca provocar. Com as faltas redimidas, Jesus afasta dos homens e seus familiares as consequências nefastas de um assassinato.

Na passagem, Jesus não interfere na ação tentando impedi-la, ele esvazia com sabedoria as razões de uma lei equivocada. Ao colocar em evidência a ausência de justiça da punição, porque se fosse justa todos estariam condenados, Jesus ressuscita o juízo dos homens, que tomam consciência das suas faltas e se retiram, um a um. Os executores não eram o alvo do seu julgamento. A sua intervenção é feita na consciência dos homens que estavam irredutivelmente convencidos de que o cumprimento de uma lei era o certo a se fazer. O Amor de Jesus os salva de sua ignorância, porque Ele sabe que suas ações são motivadas por razões obscuras, mas ainda sim sujeitas à mudanças.

Os ensinamentos de Jesus têm como fundamento central a compreensão de que Deus habita no interior de todos os seres humanos, sem exceção. Jesus amava a Deus incondicionalmente. O seu Amor por Deus é a forma inequívoca do seu Amor pela humanidade. Jesus arbitrou sobre a ignorância dos homens, porque se aos homens dirigisse o seu julgamento, estaria condenando a Deus.

Não podemos modificar quem somos, mas a qualidade dos nossos pensamentos está sujeita a mudanças. Quando nos propusermos a evocar os valores humanos em nossa vida cotidiana, nossas ações serão melhores. Sim, podemos ser pessoas melhores, sempre!