Aflição
Alimentava-me aos poucos da quietude que os astros
Concedem aos desbravadores da vida. Lentamente,
Saciava-me a sede que outrora sufocava-me
como gargantilhas e amordaças, que com grande força
arrancavam-me o sono.
Jazia eu, pobre coitado, imaginando longa vida prazenteira;
Esperançoso que talvez, por graça ou misericórdia, os céus
Tornasse-me fleumático em meu humilde homizio.
Ah, quem deras eu, pudesse de alguma forma, evitar total
Perda de minha graça. Ou ao menos, aguçar minha visão
Deturpada e perceber que os dias não eram os mesmos.
Aos poucos, e despretensiosamente, meus fantasmas ressurgiam:
A boca seca novamente, o suor excessivo, meus medos irracionais,
A insônia me fazendo carícias. os pensamento se acumulando no meu hipocampo,
Impedindo-me ao menos lembrar teu sorriso.
Embora eu deseje que minha inóspita lida cessasse num sopro,
Aguardo que meu próprio male afaste-se em minha ânsia.
Deveras sei o que aflige meu imáculo ser; entrementes, não sei quem eu sou!