Aflição

Alimentava-me aos poucos da quietude que os astros

Concedem aos desbravadores da vida. Lentamente,

Saciava-me a sede que outrora sufocava-me

como gargantilhas e amordaças, que com grande força

arrancavam-me o sono.

Jazia eu, pobre coitado, imaginando longa vida prazenteira;

Esperançoso que talvez, por graça ou misericórdia, os céus

Tornasse-me fleumático em meu humilde homizio.

Ah, quem deras eu, pudesse de alguma forma, evitar total

Perda de minha graça. Ou ao menos, aguçar minha visão

Deturpada e perceber que os dias não eram os mesmos.

Aos poucos, e despretensiosamente, meus fantasmas ressurgiam:

A boca seca novamente, o suor excessivo, meus medos irracionais,

A insônia me fazendo carícias. os pensamento se acumulando no meu hipocampo,

Impedindo-me ao menos lembrar teu sorriso.

Embora eu deseje que minha inóspita lida cessasse num sopro,

Aguardo que meu próprio male afaste-se em minha ânsia.

Deveras sei o que aflige meu imáculo ser; entrementes, não sei quem eu sou!

Ari Poeta
Enviado por Ari Poeta em 17/01/2021
Reeditado em 18/10/2021
Código do texto: T7161591
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