Combustível de sanidade
Na escuridão do ônibus aproveito pra chorar enquanto ouço menores atos no máximo volume.
As lágrimas que escorrem no meu rosto são a mistura de todo sentimento incerto que me preenchia. Raiva, tristeza e ódio. A alegria que eu sentia parece que nunca existiu.
Mergulhei no mar pela manhã a fim de lavar minha alma. O sal que parecia ter secado minhas feridas foi tirado na hora errada e, na composição do meu choro, molhou ainda mais e fez arder.
O ardor, o rancor, o choro e a música me fizeram perceber que sem raiva não me movo.
Descobri como ir embora. E não é nesse ônibus onde estou sentada.
Dizem que ter ódio adoece, mas esse é o único jeito de sair daqui sã.