Das Decepções Amorosas

Saber-se em determinada situação, é poder posicionar-se, é analisar os prós e os contras, é avaliar as possibilidades de êxito ou fracasso, e mesmo assim, ter a escolha de continuar ou não. No entanto, ser envolvido por artimanhas imorais, inaceitáveis e articuladas, causa indignação. Ninguém é bobo. Cada um de nós tem um potencial de inteligência e compreensão que superam o conhecimento e surpreendem àquele que pensava conhecer-se. Somos imprevisíveis diante de certas adversidades. A carga genética nunca foi totalmente estudada. A mente humana tem seus próprios mecanismos independente do meio, das convivências e dos aprendizados.

O fato é que passamos grande parte da vida construindo relacionamentos com pessoas, cujas afinidades são dissimuladas num contexto que vai da anulação de si mesmo até o entendimento de que é realmente difícil ser feliz sozinho. Inventamos amores, romances, paixões, curtimos dores sinceras e causamos decepções (a nós mesmos e ao outro) por criarmos expectativas absurdas, numa tentativa sempre frustrada de alcançarmos a tão sonhada felicidade de amarmos e sermos amados. Os momentos existem. E em muitos destes, somos nós os principais atores, diretores e escritores de cenas que tiveram um significado, mas não um significante.

Decepção. O que poderia traduzir essa palavra quando nada parece explicar o óbvio e os pressupostos anteviam as conclusões? Desfeita a farsa, apenas resta o esquecimento. Outro capítulo é iniciado a partir de novas (velhas) concepções. Faz-se presente uma enunciação estrutural, abandonada a análise. A decepção é o momento da fala daquele que se apaixona, falando de si, apaixonadamente, diante do outro, que é amado, e nada diz... nada faz... senão, decepcionar-nos.

ENIGMA
Enviado por ENIGMA em 02/11/2007
Reeditado em 21/03/2013
Código do texto: T720452
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