Aperto

As coisas estão apertando, desde o cinto com a fome, até o nó da forca como contexto geral, eu gostaria de dizer que tudo isso tem prazo pra acabar, mas não consigo dizer isso nem para consolar amigos mais sensíveis, as coisas estão pesadas demais para projetar algumas fantasias. Não há mais lágrimas, risadas, resquícios de esperança e até mesmo sobras de desespero, é como se estivéssemos todos no mar, à deriva, sem perspectiva de terra para enfim caminhar, resta apenas necessidades como comer, beber e afins… Viver já está ficando insustentável e nos limitamos a existir.

A cada manhã eu sinto uma dor nova, um cansaço novo, uma indisposição e sensação de alternância entra a deriva e um redemoinho de coisas que não sei o que são, mas me arrastam para baixo, olhar em volta é desnecessário, está tudo mais escuro, com menos ar, com menos tudo e cada vez menos, deve haver uma luz no fim do túnel, seria admitir a derrota para o mundo não imaginar que exista uma luz no final, mas em decorrência do tempo em que os olhos ficam no escuro, sinto como se ao primeiro raio de luz vacilante, eu acabe fugindo para o escuro novamente.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 24/03/2021
Código do texto: T7214968
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