EM BUSCA DO CONHECIMENTO

Como detentor da capacidade de raciocinar, os seres humanos acumulam uma incrível variedade de conhecimentos, numa progressão geométrica, uma vez que os conhecimentos se sobrepõem na geração de novos conhecimentos, aumentando inclusive a velocidade na sua progressão, o que dificulta o seu acompanhamento, de modo especial para as gerações mais velhas, que não contam mais com o necessário vigor físico. Estamos nos referindo apenas aos conhecimentos racionais, construídos ou percebidos pela razão humana.

Essa progressão dos conhecimentos, entretanto, é totalmente desigual entre os indivíduos, pois além da sua divisão em conhecimentos técnicos e específicos, temos a participação da capacidade de desenvolver a introspecção, sendo todo esse conjunto, subjacente às potencialidades racionais e espirituais, que são propriedades intrínsecas dos indivíduos, conferindo a cada um a capacidade própria de desenvolver a sua trajetória pessoal, e absolutamente individual, cuja transferência depende de uma exposição bem elaborada, e muito mais da capacidade de compreensão dos interlocutores.

Nessa trajetória, cada indivíduo transporta também a sua limitação, tanto na apreensão dos conhecimentos, quanto na formulação de ideias, cuja limitação é proporcional às suas potencialidades, tendo em vista o grau de complexidade dos conhecimentos e das ideias. Para complicar ainda mais esse contexto, a vontade, o interesse, o empenho, a disposição, a obstinação, a persistência, o desejo de obter conhecimentos e de exercitar a imaginação através da meditação, quando não são admitidos pelo indivíduo, praticamente eliminam a possibilidade de ampliar o seu horizonte do conhecimento. Nesse caso, somente os conhecimentos mais simples é que são alcançados, mesmo assim, envoltos numa neblina que dificulta a associação ou o entrelaçamento dos conhecimentos internos, já alcançados com dificuldades, com os conhecimentos externos que estão aguardando a assimilação e a sua integração com os conhecimentos armazenados.

Diante de todas estas circunstâncias, podemos avaliar o grau de dificuldades diante das questões mais complexas da racionalidade e da espiritualidade, frente às quais talvez muitos indivíduos jamais façam quaisquer cogitações, limitando-se a aceitar as interpretações alheias, sem atentar para o fato de que os interesses escusos orientam os rumos da Humanidade, e que a falta de um discernimento pessoal mais amplo, os submete aos caprichos e exploração dos astutos sofistas, que ocupam as lacunas com sutileza e malícia, visando as suas próprias conveniências.

Os seres humanos, desde os tempos em que a sua evolução os conduziu às suas conjecturas mais complexas, desejam saber as respostas para algumas questões que povoam as suas mentes, mas insistem em encontrar respostas que apenas confirmem aquilo que eles mesmos já construíram, e converteram como sendo as suas convicções consolidadas e imutáveis. Assim, ao mesmo tempo em que não estão satisfeitos com aquilo que supõem saber, não aceitam nada daquilo que não conseguem compreender, e nem se dispõem a pesquisar sobre as novidades que não querem admitir, ou que exigem profundos esforços intelectuais. Assim, eles ficam estagnados nas superfícies, não se atrevendo a escalar as alturas ou então mergulhar nas profundezas, em busca do conhecimento mais elaborado, mais consistente, merecedor de maior credibilidade.

Com efeito, torna-se evidente que essas circunstâncias estabelecem um beco sem saída, onde a insatisfação com o que se tem, não abre espaço para a obtenção do que não se tem. A história registra o pensamento do filósofo Zenão de Eléia, do teósofo Jacob Boehme, do filósofo Baruch de Espinoza, do físico Albert Einstein, do geneticista Francis Collins, do astrofísico Robert Jastrow, do físico Max Tegmark, todos eles notáveis pelos seus conhecimentos, mas ignorados com relação às suas convicções que transcendem a racionalidade, invadindo a metafísica, mesmo que elas sejam coincidentes entre si,, porque nada têm em comum com os ensinamentos dos astutos mercadores da fé, alojados nas denominações teológicas, que inculcaram na mente das humildes e ingênuas ovelhas, as suas caóticas e repetitivas ladainhas, pronunciadas há mais de mil e setecentos anos, que estão arraigadas na mente dessas ovelhas, em razão da sua persistente retransmissão através de muitas gerações.

Por outro lado, temos os cientistas da astrofísica teórica, que também preferem manter as suas fantásticas teorias, não aceitando as idéias dos seus pares e dos filósofos, nos seus conceitos metafísicos, talvez para não perderem as vantagens financeiras proporcionadas pela hábil exploração das suas teorias que jamais serão comprovadas.

A melhor indicação é que se faça uso da individualidade, na busca das respostas que possam satisfazer a ansiedade e a inquietude pessoais, procurando por si mesmos essas respostas, obtendo a independência intelectual, não mais sujeita às ideias de terceiros, que ocultam na malícia os seus interesses e conveniências pessoais.

Quanto mais conhecimentos forem adquiridos pelo indivíduo, tanto maior será a sua liberdade e autonomia intelectual, e menor a sua necessidade de acreditar no que ele não consegue compreender, assim como menor também é a possibilidade de ser enganado pelas sutilezas vazias da teologia e da filosofia, conforme as tradições, e conforme os espíritos elementares do mundo. (Colossenses 2:8). O conhecimento exclui a necessidade de acreditar. pois ele, naturalmente, incorpora e absorve a fé, tornando-a desnecessária como um instrumento em separado. Ninguém precisa acreditar, ou ter fé, que dois mais dois são quatro!

Na racionalidade, o conhecimento se instala pelos estudos, pelo relacionamento social e pelas observações dos fenômenos que se desenvolvem nas circunstâncias pessoais. Na espiritualidade, o conhecimento se instala exclusivamente através da intuição, como resultado do escoamento dos insights espirituais. Naquela o esforço pessoal está na razão, e nesta, esse esforço está na introspecção do espírito, que busca o conhecimento espiritual, mesmo sabendo que somente a intuição o revelará. (Mateus 7:7,8)

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 29/03/2021
Código do texto: T7218751
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