Tugúrio

o espaço íntimo, pessoal

construído com esmero

personalizado, preparado

me acolhe e abriga o sal

o sal que trago do dia

sagrado de trabalho

salvo da discórdia

perdida n’algum atalho

discordo da violência

tratada com paciência

por olhos sempre fechados

alheios aos desesperados

sem paz, não há encanto

mesmo escondido no canto

de olhar desapegado

de tudo que é sagrado

no tegúrio onde escondo

a vergonha de ser humano

destruidor do sagrado

espaço desintegrado

percebo como é errado

entrar no meu refúgio

esquecer todo infortúnio

neste meu esconderijo

efúgio bem apressado

das almas já perdidas

embebidas por desgraças

sem a graça alcançada

lá dentro bem acolhido

não sei se protegido

me acovardo sem sentido

diante deste destino

desejaria ter um abrigo

onde amigo e inimigo

pudessem refletir

e outros laços construir

Alberto Daflon

Daflon
Enviado por Daflon em 02/04/2021
Reeditado em 04/04/2021
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