Meu bebê amado

Ontem, dia 29 de abril de 2021, eu soube que seu coraçãozinho havia parado de bater. Já há algum tempo, você vinha doente e eu tinha iniciado uma verdadeira peregrinação em busca de tratamento para o que, no início, parecia uma simples dermatite. Porém, você foi piorando e eu entrei em desespero, sentindo-me impotente. Minha tentativa derradeira ocorreu dia 28, quando eu o levei a um veterinário que, não sabendo o que fazer, indicou-me outro que, ao vê-lo, disse que seu quadro não era animador mas prometeu que faria o melhor. Ao saber do seu estado, fiquei arrasada, pois eu havia feito de tudo para que você se curasse. Porém, o veterinário me tranquilizou, assegurando-me que, mesmo quando fazemos nosso melhor, nem sempre podemos impedir que o pior aconteça.

Ao saber que você tinha partido, eu só conseguia lembrar do dia em que meu irmão trouxe você para casa. Você veio numa caixa de sapatos, miudinho e assustado, mexendo apenas seu focinho. Ao vê-lo, só consegui exclamar: “Nossa”. Depois, peguei-o no colo, acariciando-o para que se acalmasse. Eu, que nunca criara coelhos, encantei-me imediatamente com você, que se transformou no meu bebê amado. Você logo se acostumou comigo, sempre pulava ao meu redor, vinha ao meu encontro quando eu voltava para casa e cresceu depressa, transformando-se num lindo coelho. Vê-lo crescer tão rápido me entristeceu um pouco, pois eu queria que você permanecesse miudinho.

Quando eu soube que você se fora, eu só consegui pensar que nunca mais veria você, o meu bebê amado. Mesmo que você já estivesse idoso, para mim você ainda era o meu bebezinho, que eu pegava no colo e acariciava enquanto você me lambia. Agora, tenho de me acostumar com o fato de que não irei mais vê-lo saltitando no jardim, de que não terei mais de me preocupar que você não roa os fios da casa e que nunca mais sairei para buscar ervas e capim para você se regalar. Ficarão as boas lembranças dos tempos que vivemos. Você me deu todo o amor que possuía e eu sempre amarei você.

Nunca esquecerei como era gostoso carrega-lo no colo, sentindo seu pelo macio, escutando seu coraçãozinho que sempre batia tão ligeiro e hoje não bate mais. Até o fim da vida, lembrarei de seu doce olhar, de como você ficava contente quando, todas as manhãs, eu abria sua gaiola para que você fosse ao jardim. E será sempre assim que me lembrarei de você, meu bebê amado, que corria tão contente, alegrando-me com sua vivacidade e presenteando-me com todo o amor de que era capaz.