O LIMITE DA RACIONALIDADE

A racionalidade é uma peculiaridade, um atributo, uma prerrogativa exclusiva do homem e também, o único instrumento que o diferencia de todos os outros animais do Planeta. Na sua racionalidade se encontra a sua avantajada inteligência e a sua extraordinária capacidade de estruturar raciocínios e reflexões, submetendo-os a experiências, promovendo associações e conexões entre esses recursos, os quais possibilitam um desenvolvimento em cadeia de novos conhecimentos, que se interagem e geram outros conhecimentos, e assim sucessivamente. Baseado no conjunto da sua capacidade cognitiva, o homem armazena e organiza as suas experiências e os seus conhecimentos, ordenando-os num sistema de classificação, de modo a facilitar o acesso a eles, sempre que for necessário. Em todas as tarefas a que se dedicar, ele recorrerá às ferramentas mais indicadas e, automaticamente, procurará executá-las numa sequência pré-estabelecida e que lhe exija o menor esforço, mesmo sem recorrer aos arquivos dos conhecimentos. Todo esse conjunto pode ser inserido na chamada logística, que compreende sistemas de ações conjugadas, mediante uma coordenação planejada, visando alcançar um ou mais objetivos pré-determinados, com a melhor eficiência, que se reflete na melhor qualidade, na maior rapidez, no menor custo, no esforço mínimo e no maior lucro ou vantagem. Todavia, como o orgulho, a cobiça, a inveja e a cólera, com todos os seus desdobramentos, são características intrínsecas e permanentes do homem, elas estimulam e direcionam-no na utilização desses conhecimentos, de forma a atender as suas exigências e satisfazer as suas conveniências, permanecendo subjacentes a todas as atividades do homem, que as obedece totalmente, colocando a satisfação dessas exigências acima de tudo.

Eclesiastes 4;4- Então vi que todo trabalho, e toda destreza em obras, provém da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.

Podemos imaginar essa racionalidade aprisionada num círculo, cujas paredes, na medida em que o Homem evolui, ele tenta romper, tentando ultrapassar suas fronteiras, em direção a um estágio incerto, desconhecido, que inquieta o seu intelecto e que suscita dúvidas até sobre a possível existência ou não desse estágio. Mesmo neste espaço subjetivo, o homem, a partir de um determinado momento, baseando-se nos conhecimentos mais primitivos e autênticos dos primeiros Profetas, promoveu a sua deturpação e imprimiu-lhes conotações compatíveis com expectativas e anseios inseridos nas suas quatro características permanentes. Essa deturpação, executada sobre os conhecimentos constantes das Sagradas Escrituras, entretanto, foi limitada por uma barreira intransponível pelos sofistas, porquanto esses conhecimentos foram habilmente registrados, mesclando uma planejada ocultação sob o véu de Moisés, subjacente a um sentido literal às vezes com validade, outras vezes embaralhado com histórias, fábulas e genealogias, que bloqueiam o acesso ao seu real conteúdo, cujo véu somente se desvanece mediante o novo nascimento, proporcionado exclusivamente, pela unção espiritual, que se expõe nos insights intuitivos.

Mas há algo mais, que atormenta a racionalidade, instalado na mente do homem e isto se manifesta quando ele formula complexas indagações, para as quais não consegue encontrar respostas que o satisfaçam, nem como construções dentro do seu próprio intelecto e muito menos através dos seus semelhantes.

Eclesiastes 1;13- Apliquei o coração a esquadrinhar, e a informar-me com Sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir.

Eclesiastes 8;7- Porque este não sabe o que há de suceder, e como há de ser, ninguém há que lho declare.

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Mateus 13:13,14 – Por isso falo com eles por meio de parábolas; porque vendo, não veem; e ouvindo, não ouvem nem entendem. Cumpre-se a profecia de Isaías: Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis; e vendo, vereis, e jamais percebereis.

Provérbios 16;1- O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor.

Essa postura mais contemplativa do Homem, acelera a sua inquietude intelectual que, por sua vez, reclama por explicações sobre o ambiente mais próximo que o envolve, sobre o Universo imensurável, e sobre si mesmo, quanto à sua origem, o sentido da sua existência e ainda o seu destino final. Nesse cenário, o espírito do Homem viaja por todos os meandros do labirinto onde estamos todos, tentando extrapolar os seus limites, encetando uma frenética busca por um conhecimento que ele não sabe onde se encontra. Nós o chamamos de Conhecimento Essencial, e ele se encontra na Theosophia, portanto, ele é a própria Sabedoria Divina.

“Abandone a busca por Deus ... em vez disso, procure por Ele tomando a si mesmo como ponto de partida”. (Sábio gnóstico Monoimus)

Lucas 17;20- Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência, 21- Nem dirão: Ei-lo aqui! ou Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós.

Eis onde se encontra a plenitude do conhecimento de Deus, cuja obtenção, entretanto, não depende de nenhuma ação humana, pois é uma irrevogável concessão, e cujo conhecimento é pessoal e intransferível através da racionalidade. Entretanto, devemos procurá-lo.

1 João 2:27 – E quanto a vós, a unção que dele recebestes mantém-se em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. Mas, a unção que dele vem é verdadeira, não é mentira, e vos ensina a respeito de todas as coisas; permanecei nele assim como ela vos ensinou.

1 Coríntios 2:14,15 – O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são absurdas; e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 03/05/2021
Código do texto: T7247317
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