Todos somos "o filho do porteiro"...

O Brasil é um país de imigrantes.

Originais aqui, só Índios.

Somos o filho do porteiro, o filho do feirante, somos o branco, o preto, o vermelho, o amarelo.

Chegamos há muitos séculos, vindos de lugares distantes e em nossa grande maioria, não viajamos de primeira classe, viemos no meio da galera, morrendo de febre, malária e outras doenças que circulavam naqueles navios quentes, úmidos e sujos.

Jogávamos nossos mortos e nossos dejetos ao mar. Quanto aos primeiros, muitos dirão que "é seleção natural". Talvez seja, mas deve(rua) ser muito mais. Tem muito capataz e muito filho de berço de ouro que deveria ter sido colocado à prova da seleção natural e da meritocracia. Não foi, jamais será, serão sempre os os privilégios e seus privilegiados.

ENa contínua saga, após meses de viagens, chegamos, nos instalamos e achamos que somos donos de tudo, quando tudo é nada, para onde vamos após esta ilusória passagem por esta e outras terras, nos notamos frente ao mistério especular de Exu, o nada, vazio. Somos só isto e as poucas caminhada nos permitir agregar, de qualidades,

Que efetivamente levaremos conosco para a

Vida após à vida. E nada mais.

Em nossas origens mais antigas, trabalhamos muito de sol a sol para construir tijolo a tijolo este país que, sim, podemos chamar de nosso, mas também é de todos nós e para todos nós. Tudo é de todos e para

Litros.

Não nos esqueçamos que quando a coisa apertou a realeza limpou o Banco do Brasil, saqueou tudo o que pode carregar em seus navios e foi embora. E não demora, novamente fará outra vez, e outra, e...

E quem ficou: o filho do porteiro, o catador de papelão, o lixeiro. Que desgraça seriam nossas vidas sem os lixeiros...

Ainda sobre o filho do porteiro, alguém precisa cuidar da porta, que, é preciso esclarecer: não é puteiro, não está escancarada e se assim nos tratam, é porque permitimos.

Resta o questionamento:

Até quando?

São Paulo, 04/05/2021

Em singela homenagem ao ator Paulo Gustavo, vítima

Indefesa da Covid-19, cuja vida foi ceifada nesta data.

Fernanda Hanna
Enviado por Fernanda Hanna em 04/05/2021
Reeditado em 05/05/2021
Código do texto: T7248281
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