Bambu carnaúba

Dunas de areia cobria meus olhos pela madrugada. Coçando os parecia irritar o que fazia arder em fogo no escuro, não enxergando, mas sentia a brisa fria que gelava as mãos e a ponta do nariz. Como fumaça de orvalho em pleno começo da estação de inverno, tinha sensação de alívio, pelo menos o tempo parecia parar, ouvia galos cantando, presságio de um novo dia que se iniciava, não tinha pressa, pelo menos sentia paz de espírito. A mente sabia que preocupações rondavam por ali, mas não as absorvia, existindo uma certa distância, o silêncio era mais alto dominando os pensamentos elevados. Olhava rapidamente em algum lugar trilhas do passado, via um capim seco e ao lado uma árvore, não tinha sinal de chuva, mas cheiro de poeira. De lá do alto avistava a cidade de Arcos-mg, sentia aroma de café e um brilho nos olhos por Deus ter permitido ser filha dessa terra de gente tão querida!! Ama pão de queijo e doce de leite com goiabada. Nunca saí dessa cidade mineira, sou raiz talvez de bambu carnaúba, que cresce para baixo, me identifico muito com ele, da para decorar bastante artesanato, muito procurado por artesãos. Meu esposo plantou até um, num pedaço de toco seco pra mim, la vai brotando. É assim minha raça, nós enverga mas não quebra, como já diziam os antigos. Aqui fui plantada, não precisei ir buscar tão longe sobre a verdade da vida. Como tantos fazem para descobrir que é no seio de uma família, que o amor do espírito santo, assim se manifesta!!

Juliana Amorim Alves
Enviado por Juliana Amorim Alves em 15/05/2021
Reeditado em 15/05/2021
Código do texto: T7256025
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