Meninos

Ah, pensamentos. E a noite passa. E o tempo passa. Ah, desespero, desitência, persistência! Noite curta demais pra tanta falta. Ah, palavras, palavras. Única saida.

Meu irmão do outro lado, onde estará teu abraço? Meu amado mesmo tão distante ainda sempre meu. Sonho contigo, sinto-te perto. Que dizes? Por que não dizes? Porque não me respondem mais? Porque de tanto amor? E eles do outro lado. E ele sempre tão eu. E o tempo? É como se fosse agora a divisória! Disseram-me ambos já o quanto fui parte. Não dizem que ainda sou. Será que me apagaram? Será que desapareço? Será que me esquecem? Mas ainda estou aqui!

Eles crescem, viram homens. Eles andam pelo mundo. Por que não me respondem? Será que me esqueceram? Porque sou teu passado se sou ainda presente? Mas voltam pra mim. Quando já tão magoada. Dizem palavras de amor, doces palavras. Falam de importância e de gratidão. Um fala tanto de amor mas nada mais faz, como cansado de lutar. E outro, que cala sempre, menos quando promete. Jamais cumpre de fato. Mas quando está, é tão metade minha que nem sei. Ainda o terceiro, por que não responde? Mas quando eu falo emociona-se. Todos. Que me amam. Que eu amo. Amo tanto. Minhas partes, meus amores, meu amigos.

Ah, pensamentos. E a noite passa. E os dias passam. Saudade daquele a quem deixei, aperto forte da falta na noite. Do outro, saudade do futuro não vivido. Minha metade. Sempre metade. Será que o perco na estrada? Não, se volto. Se nos momentos que importam estamos. Não, porque ainda voltam. Mas se não voltarem...será que me esquecem? Homens são meninos que crescem. Eu marco, eu deixo meus passos com eles. Memória perpétua, cravada. Falam de fases, falam de passado. E eu que sou presente? Porque ja me guardaram? Será que cheguei tarde? Será que ja estou velha? Será que sou eterna?

Meninos são meninos. Brincam de eternidade. Alimentam-se do meu amor. Crescem, vão embora. Será que me esquecem?