Sem pressa e sem pausa.

– Tem pressa?

– Sempre. O tempo te parece esperar?

– Voa. Sobretudo quando trabalho bem. Quando trabalho concentrado.

– Quando meu doou, aceitando o presente, meu tempo voa como o teu.

– E quando rejeita o presente? Quando rejeita aquilo que é?

– Quando qualifico o presente como desagradável, sinto o tempo estagnado. Lento. Parado como um velho ranzinza.

– E a vida? A vida te parece breve?

– A quem não parece?

– Não sei. Talvez ao teu velho ranzinza, cuja vida lhe parece um fardo.

– Ainda sim meu velho não quererá abrir mão dela. Velhos ranzinzas não sabem viver nem morrer.

– E quanto ao sábio?

– Que tem ele?

– Acho que ao sábio a vida não lhe parecerá breve. Talvez lhe pareça justa.

– Eu diria brevemente justa. O tempo voa para quem faz as coisas bem-feitas, concentrado

– Este teu sábio parece sabe viver. Teria ele pressa?

– Talvez a justa pressa. Uma pressa sem pressa e sem pausa.

– Mesmo a caminho da forca?

– Não caminhamos todos para ela? A forca?

– Acho que sim. Tanto o velho como o sábio. Com a diferença que este deve sabe apreciar o passeio.

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 08/06/2021
Reeditado em 08/06/2021
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