Ruídos de amor

Ao som do que vem, um baita barulho por assim dizer. Há tempos o silêncio era rei de mim, há tempos procurava algo que fizesse um ruído que me tirasse da monotonia. Aos poucos foi se tirando a poeira do vinil, arrumando a agulha da vitrola, tirando das lembranças como se dança, sopros e ruídos quebravam o silêncio do salão. E de repente sobre o chão daquela imensidão silenciosa, ruía passos e começava baixo de modo que fosse aumentando a canção, e aos poucos eu via teu semblante, e o mais belo, e como um puta clichê, entrava um vento por um lugar qualquer de modo que fizesse você única, parecendo uma obra renomada. E a essa altura meu bem, a canção já era alta pra que o silêncio, a solidão nem sequer pensassem em existir. E a sós dançamos essa música, com requintes de décadas passadas. E se fez meu barulho preferido.

Igor Augusto Barros
Enviado por Igor Augusto Barros em 27/06/2021
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