Nostalgia

Lembro de tudo.

De todas as vezes que fomos nós

Apenas nós mesmos

Sem máscaras, sem vergonha,

Sem pudor, sem preocupações

Onde éramos apenas um grupo de jovens

Ébrios, entregues à música

Dançando desengonçados

Como piratas num navio saqueado

Vociferando, desgovernados

Como trens buscando trilhos

Apenas um grupo de jovens

Muitas vezes inconsequentes

Mas nunca irresponsáveis

Nos entregávamos aos nossos desejos

Nos dedicávamos às nossas amizades

Nos apoiávamos

Um no outro

E em nós mesmos

Onde sabíamos do que somos capazes

Do que seríamos

E do que sempre fomos capazes

Onde enxergar o peso

Enxugar a lágrima

Entoar o riso

Esticar as pernas

Esfregar os cabelos

E esquentar a alma

Eram rotinas corriqueiras

Das noites regadas a conhaque e palavrões

Das madrugadas regadas a suco e confissões

Dos abraços, beijos, toque

Do amor adolescente efervescente

Que constrói porém devasta

E reconstrói afeto adulto

Das brigas, desavenças

Egoísmo, descrença

Conflitos, ego em polvorosa

Pois nem tudo foi um mar de rosas

Espinhos seguem fincados

Porém, até deles eu cuido

Ah, se queres saber

Eu lembro, sim, de tudo

Como artesão que tece

Da mais nobre parte de árvore

Armário robusto de lei

E guarda, dentro de si

Todas essas recordações

Com o maior esmero que pode existir

Eu lembro, sim, de tudo.

Perdoe se eu esqueci de algo,

Talvez a nostalgia afete a memória.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 25/07/2021
Código do texto: T7307093
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