Alguns apontamentos sobre a teoria Lacaniana

Para Lacan o antecedente ao simbólico, por exemplo, a contração do ânus (daí as fases da libido e a imagem do corpo), é o real que sempre é inalcançável, inexistente para o sujeito.

O eu para Lacan é uma noção imaginária, que é antecedente ao simbólico, haja visto a sua necessidade de "formando" até o ato de ir a clínica.

A ação adicionada ao autoerotismo para explicar o surgimento do narcisismo, como pensava Freud, para Lacan essa ação é a própria antecipação imaginária de um corpo unificado (Gestalt), esta pois é a identificação primordial do sujeito com a imagem.

No estádio do espelho, o meu reflexo nele é algo concernente ao olhar que escapa do corpo do Outro materno, trazendo consigo o objeto a.

Lacan enfatiza a alienação e o desconhecimento inerente a subjetividade (a falta de significante do Outro).

Portanto, Lacan se atém ao sujeito enquanto fala ou no tomar posse do seu ser (falante) na ação do "falando", enquanto o registro do real se inscreve no simbólico ou se faz presente na relação intersubjetiva como "sujeito em".

Portanto, o inconsciente é um estar em ou ser em perpétua transição, ser enquanto está, é o que não é, no sentido inverso (como a imagem invertida no espelho, analogamente) da ontologia de Parmênides e nas proposições e / ou conclusões verdadeiras e falsas ao mesmo tempo na lógica paraconsistente.

O imaginário mesmo antecedente ao simbólico enquanto função fala, não o é sobredeterminante, o simbólico lá já está, porém, como os outros na função fala. O simbólico antecede o corpo, como por exemplo, discursos, expectativas dos pais em relação ao filho, gerando assim um campo simbólico onde estará imerso e perdurará depois da morte, como os seminários de Lacan.

Afirmações tais como, "o corpo é todo gozo", pulsão de vida toca tudo (daí a catexia), assim como a de morte, são registros, em última instância, indeterminados para nós, pois nunca a experienciámos verdadeiramente (no sentido de sua totalidade), por isso nenhuma delas se esgota ou cessa.

Estas pois são afirmações infalseáveis e que maravilha, pois é justamente o se debruçar sobre as questões da vida que nos fazem humanos, pois desde Freud somos seres de instintos que não sabemos ao certo o que é, por sermos também de linguagem, e se fôssemos apenas instintos, não haveria o quê perguntar, pois não haveria o como, logo, depois do como respondido há um limite e aí entra o humano demasiado humano e a tragédia da identificação para a constituição do eu, que é imaginário.

Porém, lembrando que somos seres intersubjetivos, não podemos valorar a ética psicanalítica ao ponto de a pôr em um pedestal em relação a todas as visões de mundo, pois a psicanálise surgiu da clínica à teoria, e seus postulados são impossíveis de validação por si, pois suas premissas filosóficas não tangem o realismo, o seu realismo é subjetivo, sua verdade é a palavra enquanto discurso, o que está além se constrói a partir da analítica, o estruturalismo faz-se a lógica para a / da fundamentação e coerência interna, como a matemática, e sua validação está no sujeito ou melhor, na verdade do sujeito; daí a lógica do "louco", ou a verdade do / no "louco", o que está por trás do que falas? Este é pois o grande determinismo psíquico desde Freud ou desde a tragédia grega ou o desejo incontrolável que é abismo, pois há falta do harmônico que é a vontade que será evidenciada pelo belo, a verdadeira arte, seria essa a fraqueza de Schopenhauer como propõe Nietzsche na genealogia da moral? Tendo ele futuramente se desvinculado do seu grande mestre (Édipo?), assim como Jung e Lacan, me parece evidente que no palco da tragédia até nossos pais dançam, seria de fato o inconsciente estruturado como linguagem? Ou uma matemática que se mostra real apenas por si? E se o inconsciente fosse apenas o não consciente por ora? E a certeza que temos desta abordagem ser apenas produto de sua simetria interna movido por um internalismo de nossa parte? E se tudo isso não passar de um discurso proferido enquanto caímos no abismo? Mais uma vez, o tropeçar no desamparo? A angústia que o pai passa para o filho...

Lacan não só elucida e complementa a teoria Freudiana, ao criar a sua ele a intensifica e realça, colocando o sujeito como fator central e basilar de tudo o que nos define como tal, arte, filosofia e ciência, eis o problema de assumir a psicanálise Lacaniana como uma doutrina, em questões tais como, a linguagem antecede o orgânico e a sobredetermina, podemos nos deparar com a contingência do real (enquanto tal / por si) batendo na nossa porta, antes de tudo, lembremos que é uma dialética, a verdade subjetiva e a verdade objetiva, pois bem, como disse Lacan, "Quem quiser ser lacaniano que seja. Eu sou freudiano".

Oaj Oluap
Enviado por Oaj Oluap em 06/08/2021
Reeditado em 08/02/2022
Código do texto: T7315255
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