vestígios contínuos
tem vestígios seus por todo meu quarto
ainda que faça muito tempo que você nao entre nele
tem camisas suas jogadas por vários lugares
camisas que eu visto depois que a gente se sente
e acabo trazendo pra casa.
tem cartas suas no canto da estante
e correntes que você colocou com suas mãos
por volta do meu pescoço
outros elementos desse móvel de madeira
me lembram você
e as vezes ao olhá-los de canto
posso nos ver.
essa é a segunda vez que escrevo sobre você desde que nos conhecemos
provavelmente por ser a segunda vez que eu te olho com tamanha profundidade
e quase me afogo
talvez seja porque é a segunda vez que, de repente
eu quase fico contigo.
além do meu quarto
as vezes esbarro em manias suas
transbordando em mim
no meu corpo
nos meus olhos
seja na saudade
seja no receio
seja na entrega
ou no medo
conheci muitas sensações durante os dias
tardes
e noites
que meu silêncio acompanhou o teu
por entre as linhas
dos sussurros abafados na pele
nas palavras ditas em tons desordenados
minhas paixões
e os amores da minha vida
seguem eternizados
em poesias intensas e breves
as vezes continuas
você me faz questionar o conceito de tempo
espaço
destino
os conceitos que criei pra mim
o que eu quis apagar
estar acostumada a fugir
em todas as vezes que fugi de você
em todas eu voltei
nem sempre consciente
sempre entregue
sempre presente
independente
de quanto
eu negue.