vestígios contínuos

tem vestígios seus por todo meu quarto

ainda que faça muito tempo que você nao entre nele

tem camisas suas jogadas por vários lugares

camisas que eu visto depois que a gente se sente

e acabo trazendo pra casa.

tem cartas suas no canto da estante

e correntes que você colocou com suas mãos

por volta do meu pescoço

outros elementos desse móvel de madeira

me lembram você

e as vezes ao olhá-los de canto

posso nos ver.

essa é a segunda vez que escrevo sobre você desde que nos conhecemos

provavelmente por ser a segunda vez que eu te olho com tamanha profundidade

e quase me afogo

talvez seja porque é a segunda vez que, de repente

eu quase fico contigo.

além do meu quarto

as vezes esbarro em manias suas

transbordando em mim

no meu corpo

nos meus olhos

seja na saudade

seja no receio

seja na entrega

ou no medo

conheci muitas sensações durante os dias

tardes

e noites

que meu silêncio acompanhou o teu

por entre as linhas

dos sussurros abafados na pele

nas palavras ditas em tons desordenados

minhas paixões

e os amores da minha vida

seguem eternizados

em poesias intensas e breves

as vezes continuas

você me faz questionar o conceito de tempo

espaço

destino

os conceitos que criei pra mim

o que eu quis apagar

estar acostumada a fugir

em todas as vezes que fugi de você

em todas eu voltei

nem sempre consciente

sempre entregue

sempre presente

independente

de quanto

eu negue.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 24/08/2021
Código do texto: T7327712
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