O sedento e o copo d'água

Às vezes, quando se está em um deserto existencial, enredado nos devaneios causados pela sede, aparece alguém que não só satisfaz tal desejo, como traz uma nova perspectiva.

Para o sedento, é mais do que um copo d'água: é o fim do entorpecimento causado pela falta de sentido.

O sedento, rapidamente, sente-se vivo e esquece o deserto. Mas logo se esquece, também, do copo d'água que acaba de lhe dar um respiro de seus sufocantes dias.

Feita essa pausa, talvez o sedento pense que o barulho se acalmou e as coisas se ajustaram. E conclui que, na verdade, já tem a água de que precisa, no seu velho e conhecido copo de conforto.

Esse copo d'água, por mais que brilhe e seja diferente dos outros, não pode permanecer na vida do sedento que descobre seu copo ainda cheio, mesmo que de areia movediça.

Ele precisa buscar alguém que, efetivamente, queira sair do deserto e viver novas maneiras de esgotar as sedes sedes e faltas que, invariavelmente, voltarão.

Se o sedento quiser continuar no seu deserto particular, nada há que o copo d'água possa fazer.

***Essas palavras são dedicadas a todos aqueles que, após entrarem na vida de uma pessoa sedenta de uma vida com sentido e lembrarem-na de que ela pode beber de um copo límpido, em que os sentimentos são claramente expressados, percebem que, ainda assim, tal pessoa se apega ao velho, confortável e cotidiano copo repleto de medo.

Aru Lapolli
Enviado por Aru Lapolli em 03/09/2021
Reeditado em 03/09/2021
Código do texto: T7334657
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