Queda Livre
O que nos mata nos tira os olhos
O que não vemos nos mata
O que nos mata e que não nos deixa ver?
E quando se vê?
Coragem, coragem, coragem,
Repetia a cabeça que não parava de pensar.
O sofá sentiu seu corpo retorcer
Parecia que iria parir a dor
A madrugada ouvia os ruídos dos vômitos presos
Olhou para o vazio e chorou
O choro doente, grunindo baixinho
Juntando os joelhos sobre o peito
Para parar o mar agitado em sua alma
Talvez apertando-se, pudesse reduzir a superfície de contato com o real
Levantou-se curvada, pela falta de força de um corpo medroso
Os pés gelados de tanto morrer, de todo dia morrer
O mundo não lhe cabia, parecia um poço sem fim
Caía infinitamente no poço sem fundo
Queda livre