MUNDO PARALELO

PRÓLOGO

Trata-se de uma reflexão muito pessoal, não há necessidade de elogios ou críticas, mas sempre cabe reflexão adicional, afinal não existe o dono da verdade absoluta.

Vivemos num mundo hostil, em parte, cheio de incertezas, dúvidas, perguntas sem respostas. Vivemos uma grande inversão de valores, principalmente os morais. As pessoas correm em busca de algo ou alguém, mas nunca sabem com toda certeza se é aquilo que de fato precisam e querem.

Um mundo onde uma pessoa ou grupo se sente no direito de julgar e até mesmo condenar o outro e por qualquer razão, seja uma ação, uma palavra, aparência ou algo que tenha ou queira.

Um mundo onde as pessoas querem parecer boas e solidárias, mas pouco ou nada fazem para ser.

Um mundo que mais parece o pré-primário da existência.

MUNDO PARALELO

Nós humanos somos seres mesquinhos, nos prendemos aos nossos sentidos, sentimentos e leis da física, da matemática, dentre várias outras, nem nos damos conta que esses sentidos que conhecemos são apenas algumas das dezenas de sentidos que existem no universo, os quais podem não ser perceptíveis conscientemente por nós, seres pouco evoluídos, ou em parte inconscientemente.

Nossa tecnologia é primitiva, comparada a infinidade de recursos e meios do universo para diversos fins. Nossos meios de transporte são obsoletos e primitivos, presos as nossas leis da mecânica, da física, matemática. Usamos motor a explosão para deslocamento, quer algo mais primitivo que isso?

Nosso mundo vive em dois patamares extremos, de um lado a extrema pobreza e carência de tudo e do outro a abundância, a necessidade de consumir até o totalmente desnecessário para girar a máquina do capitalismo.

Somos muito pobres em essência, pois nos preocupamos com moda, com o que os demais vão pensar, muitas vezes usamos ou compramos coisas para causar algum tipo de impressão ou opinião pelo nosso semelhante.

Nossas preocupações e sonhos são pobres, medíocres se comparados ao universo de sensações e transformações que podemos viver.

Temos o extremo religioso, onde acreditamos num ser supremo que faz milagres e altera nossa vida, quando na verdade somos nós que conduzimos nossas vidas, mas tiramos nossas responsabilidades para diminuir os esforços e ações que nos tornaria melhores e transferimos a responsabilidade para um Deus, “se Deus quiser, é a vontade de Deus, foi Deus que quis assim!”.

O que vivemos e sofremos são consequências de erros nossos ou de antepassados os quais ficaram gravados no DNA. Quando nos responsabilizarmos por tudo que pensamos e fazemos agimos com mais prudência, com mais moralidade, com mais sabedoria.

Não usamos nem 5% de nossa capacidade cerebral pois estamos amarrados às nossas percepções, sentimentos, sentidos e leis naturais. Nos consideramos inteligentes, pois inventamos e descobrimos muita coisa, mas tudo na espera material. Nossa inteligência é limitadíssima e está atrelada às normas, leis, regras inerentes ao nosso mundo, o qual é uma ínfima e insignificante parcela do todo.

Inventamos e descobrimos coisas muitas as quais são para atender necessidades que criamos, doenças que desenvolvemos, decorrentes de erros sucessivos.

Vivemos materialmente em média 80 a 90 anos, mas uma vida limitadíssima. Cremos num mundo espiritual sem vivenciar as emoções da não matéria. Erroneamente nos deixamos levar por emoções carnais e humanas como se fossem de origem espiritual.

Há um mundo de infinitas possibilidades e experiências, que não vemos, não sentimos, não conseguimos alcançar e se chegamos perto colocamos em dúvida o que vivenciamos muito particularmente. Criamos o hábito de contar tudo e aceitar opiniões alheias sobre nossas emoções, sentimentos e sentidos, quando na verdade certas experiências são pessoais a únicas.

Aprendemos a apreciar o belo e material criado por nós mesmos e não se ater aos detalhes da criação natural, da beleza inexplicável da natureza, a qual é muito mais saudável que a melhor roupa, o melhor carro, o maior conforto.

Pessoas a mais pessoas acham que um sonho realizado é ter uma casa ou deixa-la bonita, ter coisas e mais coisas, acumular riquezas. Nascemos aprendendo a valorizar tudo que é material e até brigamos e nos matamos por isso.

Quando somos mais jovens pior ainda, pois aí que não percebemos mesmo nada da essência da vida, da nossa insignificância em relação ao todo.

Basta imaginarmos voando em direção ao espaço e as coisas que achamos importante vão ficando cada vez menores e mais insignificantes, até nosso planeta se torna um minúsculo grão de areia num imenso oceano, nossa galáxia se torna minúscula.

Comparativamente somos como uma molécula ou mesmo um átomo em relação ao nosso imenso corpo, mas no dia a dia nos sentimos grandes e importantes, até mais importantes que os outros. Damos um valor imenso á nossa vida, mas nem sequer cuidamos como deveríamos do nosso corpo e mente.

Centenas de formulas milagrosas são divulgadas pelos sete cantos do mundo, medicamentos, alimentos milagrosos, livros que se dizem capazes de ajudar e até a enriquecer, e sempre estamos procurando mais coisas na busca de maior longevidade e saúde.

Nada disso seria necessário se o ser humano conhecesse a si mesmo, mas ao longo de sua existência ele perdeu a capacidade de se enxergar de ver e sentir sua verdadeira essência e sentido da sua existência, que é algo diferente de sentido de vida.

Buscamos ter momentos de alegria, momentos de prazer, momentos de satisfação, mas a maioria deles ligados ao bem estar físico e emocional. Não aprendemos a desenvolver outros sentimentos inerentes a alma, ao espírito, os quais não são perceptíveis fisicamente.

Somos como veículos autômatos, programados para fazer certas coisas segundo nossos conceitos, mas acreditamos que isso é liberdade que isso é vida. Somos parte de algo muito maior, nosso corpo é apenas uma ínfima parte do que somos, pois somos muito mais que matéria palpável.

Achamos maravilhosas as emoções que nos são perceptíveis e os sentidos que temos para notar as coisas, para sentir a matéria todo que nos cerca. Quando na verdade outros sentidos e sentimentos não desenvolvemos a capacidade se provar.

Estamos tão distantes do que somos que dificilmente iremos perceber fisicamente o mundo paralelo que convive conosco.

Deem o nome que quiserem, paraíso, céu, quarta dimensão, mundo espiritual, o outro lado, não importa o nome, mas ele existe e é muito mais real que esse que conhecemos.

Não pense que nossas vidas são compostas desses míseros 100 anos de existência física, que somos compostos apenas de órgãos que nos fazem viver, sentir e se mover.

Essa vida é uma fase insignificante de nossa verdadeira existência. Em algum momento passado, seja a 100, 200, 1000 ou 10.000 anos passamos a nos importar demais com as coisas materiais. Quando deixamos de caminhar nossas pernas ficam rígidas, nossas juntas endurecem e perdemos um pouco de mobilidade. Assim aconteceu com nossa essência, não conseguimos mais acessar o nosso outro eu, o mais importante. Deixamos de caminhar a ponto de não conseguirmos mais andar, agora precisamos de um tempo material e físico que podemos não ter para nos conhecermos melhor e resgatarmos nossa verdadeira essência.

Por isso em vida física muitas vezes não temos certeza de que a vida continua ou se há outra vida, pois perdemos quase que totalmente o elo entre a vida e a existência.

Comparativamente seria como deixar de passar por um caminho por muito tempo, a ponto de nele crescer a grama, o mato, crescerem arvores de forma que se torne quase impossível fazer aquele caminho original.

Claro que existe outras formas de vida no universo. Nós mesmos somos outras formas de vida, porém em nosso vocabulário a palavra vida está associada a algo biológico e não é a mesma coisa que existência. Podemos deixar de ter vida, mas nunca deixaremos de existir.

Os sentimentos que sentimos de amor, saudade, felicidade, paixão, prazer, ciúme, dentre outros são humanos e inerentes ao que somos e isso cria o apego que temos entre familiares, amigos, etc. Há outros sentimentos inerentes a existência plena. O próprio amor é transformado em algo maior. Não podemos querer que sentimentos humanos e físicos sejam perceptíveis em outra existência, pois não o são. Porém no mundo paralelo é tudo mais intenso e menos sofrível. Não há inferno, não há céu, não há como descrever pois não é perceptível pelos sentidos que conhecemos, mas é perceptível sim por um sentido que pouco desenvolvemos, que chamamos de intuição, de sensação boa sem explicação. Não é a intuição comparada com a adivinhação, mas sim a intuição de sentir algo sem saber explicar o que é.

Não se trata de crença, de fé, de opção de crer ou não, é um fato, não se pode comprovar cientificamente, pois a matemática não explica, a física não explica, nenhuma lei que conhecemos explica.

Esse mundo paralelo podemos sim chamar de Deus, pois Deus é o todo. Deus não é uma pessoa, deus não é uma matéria.

Talvez com o decorrer do tempo e a capacidade de não pensar em nada, ou seja, a meditação, possamos reabrir esse caminho, mas é um processo lento e demorado e será difícil percebe-lo, como já mencionado, pelas emoções e sentidos humanos. Exceto pela sensação já comentada de felicidade extrema, bem estar absoluto.

Quando temos contato com algo realmente modificador, como partes da bíblia, por exemplo, significa que em algum momento houve uma conexão entre os mundos. Há pessoas que desenvolveram essa capacidade, mas não tem ciência disso, e relatar seria difícil. Palavras que conhecemos não exprimem tudo que há na existência. Não podemos esperar que uma criança consiga entender como funciona um avião, como ele voa e se mantém no alto, como funciona uma reação química complexa. Ela não tem conhecimento para assimilar e entender. Somos recém nascidos em relação a existência. Se alguém pudesse e conseguisse explicar não conseguiríamos entender, nos foge ao entendimento.

No início da Bíblia consta que Deus fez o mundo visível das coisas que não se viam, ou seja, do nada e não há explicação simples de como isso ocorreu, pelo menos não para nossa capacidade mental limitada.

Dificilmente vamos constatar de fato nossa insignificância, pois nos sentimos importantes para nós mesmos e para outras pessoas. Nascemos, vivemos e morremos nessa bolha de limitação sem vivenciar nada que não seja perceptível por nossos sentidos e sentimentos, mas saiba que há algo muito maior que essa simples vida que vivemos entre o nascer e o morrer.

As pessoas vivem em busca do sentido da vida, do porque da vida, quando na verdade o sentindo não está na vida, essa é limitada a esse mundo. O sentido vai além e nossa outra estrutura não é nada comparada estrutura física que conhecemos. Em nossa existência plena somos parte do todo e nos sentimos de verdade com parte do todo. Não há roupas, não a carros, não há corpo, não há beleza ou tamanho, os sentidos e sentimentos que regem essa existência são diferentes dos que conhecemos, não temos acesso ao que vivemos.

Ao despertar lá somos como bebês, não sabemos de nada, apenas trazemos uma carga de informação.

Claudio Cortez Francisco

Limeira, 17/09/2021

Não sou crente nem descrente, não tenho religião, mas creio em algo.

Nota: É bem do ser humano citar o nome em busca de reconhecimento, somos assim, somos humanos, temos a limitação que o mundo que vivemos nos deu e a sociedade nos impôs. Não precisamos querer ser de outro mundo num mundo que não nos entenderia, tudo no seu tempo e espaço.