Caracteres _ 1

É ridículo pensar que ainda hoje tentem reduzir a poesia a terminações silábicas e semelhanças fonéticas, é equivalente a reduzir o homem a sua geometria corporal e maquinaria orgânica.

Sinto nojo deste século, mas não por uma prepotência em relação a um suposto saber isento de críticas e contexto, mas sim por se absterem cinicamente através de ''suas'' memórias de uma suposta época que mais se aproximou da verdade, parece que de nada serviu o idealismo alemão que possibilitou a vinda do sistema filosófico de Schopenhauer, por sua vez de Nietzsche, e de Freud, que em suas especulações clínicas/teóricas se valeu de Nietzsche sem deixar créditos.

Este século é um dos mais covardes. Hipócritas sem admitirem, cínicos quando não estão vendo ou se vendo, moralistas quando na verdade são fofoqueiros, éticos quando na verdade são ressentidos pela sua impotência ou bonzinhos (que é seu galardão por suas abstinências altruístas), ou apenas chatinhos, dado o aumento da neurose obsessiva, grande parte por conta da intensificação do discurso capitalista.

As pessoas comuns só não são as mais ridículas por causa da existência de uma denominada casta chamada intelectuais, que em grande parte são aquelas pessoas que seguem um script, no que tange as questões humanas, deixados por uma ou algumas pessoas há no mínimo 100 anos.

O vulgo muitas vezes é mais elegante em suas sacadas geniais, pois sagazes, do que boa parte dos acadêmicos, que desperdiçam no mínimo 10 anos de sua vida para produzir algo tão específico e técnico que será apenas lido e entendido por uma minoria e que no fundo sabem que não é nada, ou por uma minoria menor ainda que demorou tudo isso para falar o óbvio que a vovó sabe.

O senso comum é como um grande tapa na cara.

A razão é tão impotente frente a pulsão, paixões, ou natureza que nos faz tomar banho toda manhã.

Eu acho tão ridículo as pessoas confundindo memória com inteligência, é como se autointitulassem burro automaticamente e se deleitassem como súditos ao escutar as sábias palavras do sujeito suposto saber; esta é apenas uma das evidências de que não se é necessário ajoelhar-se para um autor para reconhecer pontuais, concisos e decisivos acertos, me refiro a uma das mais poderosas formas de poder, a academia.

No fim do dia quem leva a melhor é o indivíduo que através do autoconhecimento constitui uma identidade tão densa e profunda que fixa-se na história, transcendendo-a.

O indivíduo não é a memória, mas sim a informação que advém do seu irredutível.

No fim, talvez, a solidão seja a nossa mais fiel companheira.

Me irrito quando falam em solitude, esses autores de autoajuda realmente deveriam morrer calados.

As vezes me espanto como coisas tão ridículas recebem tantos aplausos e aconchegos, logo me lembro que a natureza não tolera fracos e no fim os aplaudo.

Ser irritado? Não, não há porque se sou maior do que qualquer coletivo.

Me espanto as vezes com o gigante e a ambição que há em mim, logo lembro que o fogo me escolheu e não o contrário.

Esqueçam a filosofia clássica, o nobre é o nascido em espírito, e a plebe os que emergem do dito dos outros.

Os que submergem no rio estige e aqueronte, se sobreviverem, bebem do rio lete e renascem como indivíduo, o eu, e não mais um sujeito que sempre é sujeito ao outro.

O indivíduo é autor, herói e imperador primeiramente de si mesmo, segundamente do seu mundo; torna-te autor da lei.

Oaj Oluap
Enviado por Oaj Oluap em 18/09/2021
Reeditado em 06/07/2022
Código do texto: T7345300
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